Porto Alegre,

Publicada em 08 de Outubro de 2025 às 17:38

Pareci Novo se destaca como polo floricultor no RS

Comércio de plantas e das mais variadas espécies de flores é responsável por 18.9% do PIB da cidade do Vale do Caí

Comércio de plantas e das mais variadas espécies de flores é responsável por 18.9% do PIB da cidade do Vale do Caí

Folhagens Kelsch/Divulgação/Cidades
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Lívia Araújo
Lívia Araújo Repórter
A cidade de Pareci Novo, no Vale do Caí, consolidou-se como um dos principais polos produtores e atacadistas de flores e plantas do Rio Grande do Sul. Com 246 produtores e um volume estimado de 2,2 milhões de unidades de plantas e flores produzidas em 2024, o município tem na floricultura uma das atividades centrais da sua economia. O setor representa 18,9% do Produto Interno Bruto (PIB) local, que foi de R$ 136,4 milhões em 2021, segundo dados do Departamento de Economia e Estatística (DEE) do Rio Grande do Sul.
A cidade de Pareci Novo, no Vale do Caí, consolidou-se como um dos principais polos produtores e atacadistas de flores e plantas do Rio Grande do Sul. Com 246 produtores e um volume estimado de 2,2 milhões de unidades de plantas e flores produzidas em 2024, o município tem na floricultura uma das atividades centrais da sua economia. O setor representa 18,9% do Produto Interno Bruto (PIB) local, que foi de R$ 136,4 milhões em 2021, segundo dados do Departamento de Economia e Estatística (DEE) do Rio Grande do Sul.
A atividade floricultora começou a se estruturar na cidade ainda nos anos 1950, a partir de experiências realizadas no antigo Seminário Jesuíta, tradicional prédio que integra o patrimônio histórico do município. "Ali surgiram os testes e as primeiras especificidades do plantio e produção de flores. A partir disso, a produção foi se diversificando, criando a estrutura que temos hoje", explicou o secretário municipal de Agricultura, Gelci Mello.
Atualmente, o município concentra tanto a produção quanto a distribuição atacadista para o Estado. A localização estratégica — próxima à Região Metropolitana de Porto Alegre e a centros urbanos como Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Lajeado — facilita a logística. "Nós vendemos para todo o Estado e também recebemos flores de outras regiões, quando necessário. Há uma concentração de atacadistas em Pareci Novo, e a distribuição ocorre tanto no Ceasa, em Porto Alegre, quanto por rotas próprias de caminhões que atendem todas as regiões", afirmou Mello.
As espécies mais procuradas continuam sendo as tradicionais, como antúrios, violetas, orquídeas, crisântemos e kalanchoes, usadas tanto para presente quanto para homenagens. Também se destaca a produção de flores de jardim e forração — como amor-perfeito, petúnias, cravinas, tagetes, onze-horas e lavandas — além de temperos e chás. Cada caixa de produção contém, em média, 15 unidades. Desde a pandemia, a venda de folhagens de interior tem crescido entre os consumidores mais jovens, que buscam montar ambientes no estilo "urban jungle", salientou o secretário.
De acordo com o Levantamento Expedito da Floricultura 2024 da Emater/RS, o Rio Grande do Sul conta atualmente com 554 produtores de flores. "O estudo mostrou o potencial da atividade como geradora de renda e mão de obra. Há espaço para expansão, especialmente com a ampliação do cultivo em estufas, que permite mais controle climático e melhor produtividade", disse o engenheiro agrônomo Gervásio Paulus, que conduziu a pesquisa.
A floricultura local tem forte base familiar em Pareci Novo, com 99% dos produtores atuando nos seus próprios locais. Segundo Mello, a administração municipal mantém políticas de incentivo ao setor. Outro investimento do município é o programa Pareci Mais Energia no Agronegócio, que busca modernizar a infraestrutura elétrica rural para atender a demanda crescente por sistemas de irrigação, climatização e controle de luminosidade nas estufas.
As enchentes que atingiram o Vale do Caí em 2023 e 2024 impactaram de forma limitada a produção de flores, já que grande parte das estufas está localizada em áreas mais altas. "Houve perdas pontuais em viveiros a céu aberto, mas não foi um prejuízo generalizado como ocorreu em outras culturas agrícolas", explicou.
Nos últimos anos, a diversificação de espécies e o aumento do consumo de plantas ornamentais impulsionaram a demanda e fortaleceram a cadeia de valor local. A combinação de tradição, infraestrutura logística e incentivos municipais consolidou Pareci Novo como um dos principais polos da floricultura gaúcha.

Enchentes na região causaram prejuízos pontuais para produtores e não impediram novos investimentos

Folhagens Kelsch vende cerca de 250 mil vasos por ano, com clientela na Capital

Folhagens Kelsch vende cerca de 250 mil vasos por ano, com clientela na Capital

Folhagens Kelsch/Facebook/Reprodução/Cidades
As enchentes de 2023 e 2024 deixaram marcas em boa parte do Vale do Caí, mas em Pareci Novo, o setor de floricultura mostrou força e capacidade de reação. Dois exemplos dessa trajetória são a Folhagens Kelsch e o Viveiro Rohr, empresas familiares que cresceram no município e seguem apostando em expansão mesmo após as dificuldades recentes.
A história da Folhagens Kelsch começou em 1986, quando os pais de Lidiane Souza Kelsch Collovini deram os primeiros passos na produção de plantas, que teve início na vizinha Capela de Santana. "Minha avó deu para a mãe umas 20 mudas de samambaia pra começar o negócio. Ela começou a plantar em umas latas, debaixo das bergamoteiras", lembra Lidiane. Com o passar dos anos, vieram as primeiras estufas, a mudança para Pareci Novo e o crescimento contínuo da produção. Hoje, a empresa cultiva flores e folhagens em uma área de mais de um hectare, com dez funcionários e produção estimada em cerca de 250 mil vasos por ano.
A principal clientela está na região de Porto Alegre, com destaque para floriculturas e mercados. Entre as espécies mais vendidas, permanecem as samambaias — marca registrada da empresa —, além de flores como calandiva e ciclame. Apesar das fortes enchentes que afetaram a região, a propriedade não foi atingida diretamente pela água.
Ainda assim, o negócio não parou: em julho deste ano, a família inaugurou uma nova estufa totalmente automatizada, investimento de R$ 500 mil, feito com parte de crédito e parte de recursos próprios. "A gente tem que estar sempre investindo, sempre se atualizando", afirma.
O espírito empreendedor também marca a trajetória do Viveiro Rohr, empresa que ocupa uma área de meio hectare em Pareci Novo, e onde todos os quatro membros da família atuam no negócio, capitaneado por Fernando Rohr. Anualmente, o negócio vende, em média, 50 mil plantas.
Com estrutura consolidada e experiência de décadas, a empresa também foi impactada pelas enchentes, principalmente no escoamento da produção - Rohr avalia que tenha deixado de vender R$ 10 mil em média, nos primeiros meses depois das inundações na região, mas manteve o ritmo de trabalho e garantiu entregas assim que as condições de acesso foram restabelecidas.
O negócio também tem um diferencial: Fernanda, uma das filhas do proprietário, utilizou a formação em arquitetura para oferecer, junto com as flores e folhagens vendidas, projetos paisagísticos completos. "Se você quer fazer um jardim, você vem aqui, olha as plantas, mostra a foto da casa, e ela monta o projeto todinho", conta.

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