Xangri-Lá, no litoral Norte do Rio Grande do Sul, vem se consolidando como um dos principais polos de condomínios fechados do Estado. De acordo com dados da prefeitura, o município contabiliza atualmente cerca de 50 empreendimentos entre concluídos e em fase de construção, número que já representa quase metade do território urbano ocupado por esse tipo de loteamento. A expansão, marcada por obras em diferentes pontos da cidade, tem impulsionado a valorização imobiliária, atraído novos perfis de moradores e investidores e provocado debates sobre infraestrutura, mobilidade e preservação ambiental.
Segundo o secretário municipal de Planejamento, Luiz Alberto de Moura Cabelleira, a legislação que regulamenta os condomínios foi instituída em 2005 e, desde então, direciona a expansão urbana local. “Quase 50% do município já está em condomínios, totalizando em torno de 50 empreendimentos, e há outros em processo de aprovação”, explica. Ele destaca que cada novo projeto precisa cumprir a chamada “lei da contrapartida”, que determina a destinação de recursos para melhorias de interesse público. “Hoje o município usa praticamente toda essa contrapartida em benfeitorias, como pavimentação, iluminação e escolas, beneficiando a coletividade”, afirma.
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No campo da infraestrutura básica, Cabelleira observa que os condomínios já contam com rede de esgoto e que a cidade busca universalizar o serviço até 2033, em parceria com a concessionária Corsan Aegea. “Até o final de 2025, 60% do município terá cobertura, e a previsão é chegar a 96% até 2033, restando apenas áreas ainda não ocupadas”, detalha. Outro ponto mencionado é o licenciamento ambiental: desde que a prefeitura assumiu autonomia sobre os processos, a análise de projetos e a definição de áreas de preservação passaram a ser conduzidas localmente. “Isso trouxe maior agilidade, sem abrir mão dos critérios técnicos”, avalia o secretário.
Do ponto de vista do mercado, a expansão se reflete em um crescimento contínuo da demanda por imóveis em condomínios fechados. Para Alessandro Pereira de Andrades, vice-presidente da Associação das Imobiliárias e Corretores de Imóveis de Xangri-Lá (Associx), a localização estratégica da cidade é um dos fatores que impulsionam esse movimento. “Xangri-Lá se tornou um polo dos condomínios fechados pela proximidade com Porto Alegre e por ser uma praia tradicional do veraneio gaúcho”, aponta.
A busca por segurança e lazer tem sustentado a atratividade dos empreendimentos. “O mercado segue aquecido porque atende famílias de praticamente todas as cidades do Rio Grande do Sul”, afirma Andrades. Ele explica que o setor concentra três perfis principais de compradores: moradores permanentes, veranistas e investidores. “Depois da pandemia, vimos também crescer o perfil de quem divide a rotina entre a cidade e a praia, aproveitando a possibilidade de trabalho remoto”, acrescenta.
Além do impacto imobiliário, os condomínios movimentam a economia local. “Eles impulsionam a construção civil, o comércio e os serviços, trazendo recursos para a cidade e ampliando o consumo em diferentes setores”, analisa o vice-presidente da Associx. A diversidade de projetos, segundo ele, amplia o leque de opções: alguns empreendimentos oferecem infraestrutura de lazer completa, enquanto outros apostam em diferenciais como contato com a natureza ou serviços exclusivos.
Se, por um lado, o crescimento reforça a imagem de Xangri-Lá como um destino de alto padrão no litoral, por outro, levanta questões sobre o equilíbrio entre expansão urbana e qualidade de vida. Moradores e autoridades discutem os efeitos sobre o trânsito, a mobilidade e a preservação de áreas verdes. Para a prefeitura, o desafio é compatibilizar a chegada de novos empreendimentos com investimentos em infraestrutura urbana, buscando atender tanto os residentes dos condomínios quanto a população em geral.
Com novos projetos em análise e o setor imobiliário aquecido, Xangri-Lá projeta manter o ritmo de expansão nos próximos anos. O município, que abriga empreendimentos de grande porte, consolida-se como referência em um modelo urbano marcado pela exclusividade e pela valorização imobiliária, mas também por debates sobre sustentabilidade e gestão do crescimento.