De Bagé, especial para o Cidades
Fundada em 20 de setembro de 1904, a Associação Rural de Bagé nasceu da união de mais de 90 produtores que buscavam fortalecer o desenvolvimento da região. O primeiro presidente foi Emílio Guilain, empresário de origem espanhola que, junto a outros fundadores, consolidou as bases de uma entidade que se tornaria referência no país.
Desde então, a Associação Rural de Bagé se firmou como uma das mais antigas do Brasil, tendo papel ativo na vida econômica e social do município. Ao longo de 121 anos, a instituição acompanhou as transformações do campo e buscou integrar o agronegócio à realidade urbana, destacando a interdependência entre os setores produtivo, comercial e comunitário.
O atual presidente, Geraldo Brossard de Mello, lembra que a Associação Rural não pertence apenas aos produtores, mas à comunidade como um todo. “Ela faz parte da cidade de Bagé e da vida do município. O comércio forte que temos aqui está diretamente ligado ao incremento do campo, que segue acompanhando a evolução tecnológica do agronegócio brasileiro”, afirmou.
A história da Associação também se conecta ao Sindicato Rural de Bagé, criado em 21 de fevereiro de 1971. Voltado à defesa dos direitos e deveres dos empregadores rurais, o sindicato surgiu como um braço da Associação e, em diferentes momentos, compartilhou sedes com a entidade. Em 1993, com o chamado “novo ruralismo”, ambas passaram a dividir o Parque Visconde de Ribeiro Magalhães (foto), consolidando a gestão conjunta de eventos e exposições.
Segundo a contadora Ieda Gallina Previtali, que atua há mais de quatro décadas na instituição, a integração fortaleceu os produtores. “Ninguém faz nada sozinho. A união em torno de objetivos comuns foi fundamental para enfrentar períodos de dificuldade, como as invasões de terras e as mudanças trazidas pela reforma trabalhista”, afirmou.
Com a reforma de 2017, que extinguiu a contribuição sindical obrigatória, o sindicato passou a se sustentar com recursos próprios e por meio de parcerias, como os cursos oferecidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Esses programas, em parceria com a Federação da Agricultura do Estado (Farsul) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), contribuem para a capacitação de produtores e trabalhadores, difundindo novas tecnologias e práticas de gestão.
Ao longo de sua trajetória, a Associação e o Sindicato Rural também se destacaram por sua atuação social. Em momentos de enchentes e dificuldades climáticas, o parque se transformou em ponto de acolhimento e apoio comunitário, reunindo esforços de produtores para auxiliar não apenas Bagé, mas também cidades vizinhas.
A tradição das exposições agropecuárias é outro marco da entidade. Bagé é reconhecida por sediar uma das mais antigas e numerosas mostras do país, conectando produtores rurais, técnicos, empresas e a comunidade. Esses eventos impulsionam a economia local e reforçam a importância do agronegócio para a região.
Ao longo de 30 presidências, a Associação e o Sindicato Rural de Bagé enfrentaram diferentes contextos políticos, econômicos e sociais, sem perder de vista o objetivo central de defender o setor primário. Segundo o presidente atual, os desafios continuam sendo grandes, sobretudo diante de mudanças climáticas e políticas públicas que impactam diretamente a produção.
Para Mello, o papel do produtor permanece essencial. “Antes de mais nada, o produtor rural tem no seu trabalho uma vocação. Ele é responsável pelo primeiro passo para a sobrevivência de qualquer sociedade, que é a alimentação. A partir dela, se constrói a educação, a saúde e o desenvolvimento”, destacou.