Carente de ambientes voltados à inovação, municípios, empresários e prefeituras do Litoral Norte gaúcho começam a se articular em prol da criação de locais e experiências de empreendedorismo. É um dos objetivos do Iteccnorte, iniciativa que busca conectar 23 municípios da região em temas como saúde, educação, construção civil e turismo, dentre outros, para desenvolver talentos e fomentar iniciativas para a resolução de problemas.
O projeto, segundo os idealizadores, tem como objetivo a criação de um ambiente regional favorável à inovação, à instalação de startups, empresas de tecnologia, aceleradoras, centros de pesquisa e outros atores relevantes, bem como à atração de talentos e geração de empregos qualificados com renda acima da média, formando assim, um eixo estruturante para o desenvolvimento e competitividade da região. Participam da gênese da iniciativa Júlio Ferst, que ajudou a desenvolver o parque tecnológico da Unisinos e esteve à frente da Secretaria da Ciência e Tecnologia do RS, José Antonini, presidente da empresa Softsul, Jorge Arbelo, ex-superintendente da Corsan e ex-secretário de Segurança de Capão da Canoa e Marcelo Motta, empresário, conselheiro Iteccnorte e sócio das startups. Eles estiveram em visita ao Jornal Cidades para a apresentação da iniciativa.
A ideia é que a base das operações fique em Capão da Canoa. Um prédio está sendo preparado para receber as startups, mas, segundo Ferst, faltam cerca de R$ 1,5 milhão para viabilizar a abertura em definitivo. A expectativa é que o valor possa ser captado até o Fitecc Summit, previsto para ocorrer em novembro na cidade do Litoral Norte.
A principal reivindicação do grupo é para que o Litoral Norte seja desvinculado da Região Metropolitana e se torne uma região única de inovação no Rio Grande do Sul. Atualmente, segundo o Inova RS, as duas regiões estão juntas, porém, com diferenças nas necessidades - e com recursos compartilhados. "No atual cenário, competimos com iniciativas da Região Metropolitana, o que é injusto. Temos particularidades no litoral que tornam necessária essa desvinculação", afirma Ferst. Se isso acontecer, o Litoral Norte seria considerado uma nona região de inovação do RS, com projetos próprios.
Além dessa demanda, o grupo articula, a longo prazo, uma parceria com a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), que detém um campus em Capão da Canoa, para a instalação de um parque tecnológico. A instituição de ensino detém uma área de 18 hectares sem ocupação. O projeto levaria sete hectares dessa área. A iniciativa depende de investimento e de participação da prefeitura.
A iniciativa, segundo o grupo, teria início com duas startups, uma de hidrogênio verde e outra de crédito de carbono. A ideia é ter projetos sustentáveis e utilizar o potencial da região, sobretudo dos ventos, da água de reuso e da energia solar para desenvolver projetos e manter talentos. "Temos um potencial não explorado da região, que pode se desenvolver com essa iniciativa. Além disso, os profissionais não ficam na região por falta de estrutura. Precisamos mantê-los aqui", complementa Ferst.