Uma febre tem tomado as redes sociais recentemente, com o surgimento do morango do amor - doce criado a partir da fruta, com o uso de caramelo e leite condensado. A curiosidade para provar a iguaria fez com que a demanda pela fruta aumentasse significativamente nos viveiros de Bom Princípio, no Vale do Caí. A cidade, conhecida pela tradicional Festa Nacional do Moranguinho, é uma das maiores produtoras do Rio Grande do Sul.
O aumento na procura, aliada ao clima chuvoso, pode trazer prejuízos à safra - iniciada em julho e que comumente alcança seu pico em setembro. Esses dois fatores fazem o preço do quilo do morango ter uma forte alta tanto aos vendedores, como aos consumidores do famoso doce.
O presidente da Associação de Produtores de Morango de Bom Princípio (Bom Morango), Fábio Flach, conta que a rápida propagação do consumo do doce surpreendeu as cerca de 60 famílias que cultivam o produto no município. "A demanda antes era normal. Por exemplo, no início de safra cada cliente pegava entre 50 e 60 caixinhas de morango. Agora aumentou para cerca de 150", explica.
Com isso, o preço também aumentou. Fábio explica que em períodos comuns a média de uma caixa, que inclui quatro bandejas - e pesa aproxima um quilo custava aproximadamente R$ 25. Contudo, desde a semana passada, uma caixa passou a custar R$ 60 - um aumento de 140% no preço. "O pouco produto que tem é muito valorizado. Por um lado é bom, porque no ano passado muitos produtores aqui de Bom Princípio perderam praticamente tudo por causa das enchentes. Eu não perdi nada, mas fico feliz por aqueles meus colegas que estão ganhando um pouco a mais agora para suprir o prejuízo do ano passado", diz.
Durante este período, Bom Princípio enviou parte da produção de morangos a cidades como Bento Gonçalves e Pelotas, para a Feira Nacional do Doce (Fenadoce), que iniciou em 16 de julho. Fábio diz que o valor final das caixinhas de morango, que compreende os custos de mão de obra, adubo, muda e embalagem, não é fixo. Porém, atualmente seu valor custa cerca de R$ 15. "A gente vende, em média, R$ 20 a caixa e sobra R$ 5 de lucro. De R$ 5 tu saltar para R$ 40 em uma semana é bom", afirma.
A colheita em 2024, segundo Fábio, foi de cerca de 1,1 toneladas. Para este ano, ele estima que seja produzida uma tonelada da fruta, visto que muitos produtores reduziram sua plantação na cidade por conta da mão de obra escassa. Ele acredita que a tendência das redes sociais - com o morango do amor - dure até a Festa Nacional do Moranguinho, que está prevista para iniciar em setembro. Posteriormente, com o pico da safra, os valores do produto serão reduzidos.
Apesar disso, Fábio conta que a preocupação dos produtores circunda principalmente o clima. "O meu medo é o clima, porque eu forneço morango para várias confeitarias dentro da Festa do Moranguinho e eu tenho que mantê-las. Mas creio que os produtores da Bom Morango estejam bem empolgados e eu acho que o clima vai se endireitar. A expectativa é muito boa para o evento aqui da cidade", ressalta.