Porto Alegre,

Publicada em 17 de Julho de 2025 às 13:11

Bagé foi pioneira da história do automóvel no Rio Grande do Sul

Presença de automóveis na cidade, em 1904, foi um dos primeiros marcadores de progresso e evolução social

Presença de automóveis na cidade, em 1904, foi um dos primeiros marcadores de progresso e evolução social

/Reprodução/Cidades
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Joice Cougo
De Bagé, especial para o Cidades
De Bagé, especial para o Cidades
Bagé foi a primeira cidade do Rio Grande do Sul a receber um automóvel, em 1904. A informação, documentada em jornais da época, tem sido resgatada por historiadores e colecionadores da região, que buscam valorizar a memória local por meio de pesquisas e eventos que celebram o papel da cidade na introdução do transporte automotivo no estado.
Naquela época, o município figurava entre os maiores do RS, ocupando as primeiras posições em indicadores econômicos e populacionais, aponta o historiador Cláudio Lemieszek. De acordo com o pesquisador, Bagé era uma cidade com forte presença empresarial. “Viviam aqui grandes empresários, entre eles um espanhol que aqui se radicou, que foi Emílio Guillain, que tinha casas bancárias, fazendas, fábricas de massa. Era um grande industrial”, explica.  
 
Emílio Guillain trouxe para Bagé o seu automóvel, e foi o primeiro automóvel que entrou no estado. Isso se dá em 1904, e é o registro que nós temos”, afirma Lemieszek. A base para a afirmação é uma edição do jornal O Dever, de 24 de abril de 1904. A publicação noticiou a chegada, no porto de Rio Grande, de um automóvel importado da Alemanha com destino ao empresário. “A gente se baseia muito na imprensa, que se torna uma fonte primária de pesquisa”, reforça o historiador.

Jornal "O Dever", de 24 de abril de 1904, noticia a entrada, pelo porto do Rio Grande com destino a Bagé, do primeiro automóvel do RS | Joice Cougo/Especial/Cidades
Jornal "O Dever", de 24 de abril de 1904, noticia a entrada, pelo porto do Rio Grande com destino a Bagé, do primeiro automóvel do RS Joice Cougo/Especial/Cidades
Na opinião do pesquisador, o automóvel passou a representar mais do que apenas um avanço tecnológico. “O que nós observamos é que este passou a ser não só um agente de transformação social, como também um gerador de progresso”, destaca Lemieszek.
Mais de um século após a chegada do primeiro carro, a cidade segue conectada à sua história sobre rodas. Eventos como o Encontro de Carros Antigos, realizado em Bagé durante as comemorações do aniversário da cidade, celebrado nesta quinta-feira (17), ajudam a manter viva a memória automotiva local. O encontro reúne veículos clássicos e seus entusiastas, oferecendo ao público a chance de conhecer de perto modelos históricos.

Encontros de colecionadores em Bagé valorizam o resgate da memória automotiva da cidade | Joice Cougo/Especial/Cidades
Encontros de colecionadores em Bagé valorizam o resgate da memória automotiva da cidade Joice Cougo/Especial/Cidades
Paulo Corrêa, antiquário e colecionador, participou da exposição com um Whippet, modelo canadense fabricado em 1926. “Esses eventos são interessantes porque as pessoas começam a valorizar a memória da cidade. A história da cidade está em conservar esses carros, motos, bicicletas e tudo que é da época”, afirma.
Segundo Corrêa, a cidade sempre esteve na vanguarda das inovações no estado. “Bagé sempre foi uma cidade que as novidades sempre aconteceram por aqui, só que com o tempo elas vão desaparecendo. Quando a gente consegue garimpar alguma peça dessas aí, a importância toda é restaurá-las sempre dentro da originalidade.”
Os carros evoluíram ao longo dos anos, incorporando tecnologia e novos recursos. No entanto, sua presença continua marcando gerações e conectando passado e presente. A recuperação da história do primeiro automóvel do estado reforça o papel de Bagé como um dos centros de inovação e desenvolvimento regional no início do século XX, ao mesmo tempo que incentiva o cuidado com o patrimônio histórico e cultural local.

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