Porto Alegre,

Publicada em 27 de Junho de 2025 às 18:48

Sobrevivência da araucária é tema de estudo em Passo Fundo

Cerca de 1,5 mil mudas estão sendo criadas em laboratório, a fim de garantir o desenvolvimento da árvore

Cerca de 1,5 mil mudas estão sendo criadas em laboratório, a fim de garantir o desenvolvimento da árvore

Bruna Petri/Divulgação/Cidades
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Larissa Britto
Larissa Britto Repórter
O Laboratório de Manejo da Vida Silvestre da Universidade de Passo Fundo (Lamvis/UPF) está desenvolvendo pesquisas que garantem a disseminação da araucária - ameaçada de extinção - por meio de projetos de preservação e reflorestamento. As pesquisas são realizadas por professores e acadêmicos no Viveiro de Mudas Nativas e, recentemente, se uniram para realizar o plantio de 400 novas mudas de araucárias na Reserva Particular do Patrimônio Natural da Fundação da universidade. O objetivo é aumentar a produção da espécie e melhorar também as condições de vida da fauna silvestre.
O Laboratório de Manejo da Vida Silvestre da Universidade de Passo Fundo (Lamvis/UPF) está desenvolvendo pesquisas que garantem a disseminação da araucária - ameaçada de extinção - por meio de projetos de preservação e reflorestamento. As pesquisas são realizadas por professores e acadêmicos no Viveiro de Mudas Nativas e, recentemente, se uniram para realizar o plantio de 400 novas mudas de araucárias na Reserva Particular do Patrimônio Natural da Fundação da universidade. O objetivo é aumentar a produção da espécie e melhorar também as condições de vida da fauna silvestre.
Além dessas mudas, o Lamvis trabalha com dois projetos externos junto à Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e à Brigada Militar. Na Corsan, o projeto plantou 400 mudas a fim de proteger a bacia de captação de água do rio Passo Fundo, que abastece o município. Também está previsto o plantio de 400 mudas da árvore na Fazenda da Brigada Militar, às margens da BR-285.
Atualmente, o laboratório conta com cerca de 1,5 mil mudas plantadas em diferentes estágios de desenvolvimento, que vêm sendo acompanhadas por alunos e professores envolvidos na pesquisa, a qual busca compreender o desenvolvimento da espécie e garantir o manejo das melhores variedades. O plantio acontece entre os meses de junho e agosto. Somente em dezembro as mudas crescem o suficiente para serem transplantadas aos locais definitivos. Posteriormente, a árvore leva entre 15 e 18 anos para se desenvolver totalmente na natureza.
A araucária é uma árvore emblemática na região Norte do RS, especialmente pela produção de pinhão, uma semente que é utilizada como alimento por mais de 70 espécies de animais silvestres. O esforço do projeto visa refrear a ameaça de extinção da árvore, assim como conservar a vida desses animais, pois entre os anos de 1910 e 1940, as árvores eram cortadas desenfreadamente para exportar sua madeira. Para Jaime Martinez, coordenador do projeto e docente dos cursos de Biologia e Agronomia da universidade, o atual cenário é consequência da exploração sem o devido replantio. "Estima-se que foram cortadas da natureza algo em torno de 200 milhões de exemplares de araucária. Atualmente, a maioria dos pesquisadores tem plena convicção de que a araucária foi uma árvore muito mais cortada e explorada no País do que o próprio Pau-Brasil", afirma. Ele complementa dizendo que atualmente a espécie possui somente 3% de sua cobertura original.
O estudo do laboratório integra algumas pesquisas em torno da espécie. Uma delas se baseia na busca de árvores matrizes para plantar suas sementes. As mais altas e antigas são consideradas aptas, porque, para Jaime, "só se torna gigante quem viveu muitos anos". Outra pesquisa realiza a coleta dos pinhões a fim de avaliar, pesar e observar a predação pela fauna silvestre todos os meses durante 10 anos. Já a terceira pesquisa baseia-se nas mais de 70 espécies de animais da fauna silvestre que interagem, direta ou indiretamente, com a planta.
Para abastecer o mercado interno sem que dependa estritamente do extrativismo junto à natureza, o laboratório pesquisa variedades da planta que sejam consideradas precoces e que tenham alta produtividade para começar sua produção mais cedo. "A agronomia está debruçada também sobre a araucária, querendo inseri-la no agronegócio. A China já está comprando pinhão do Brasil e deixaram claro que compram qualquer quantidade que o país tenha para exportar. Mas, a nossa preocupação, enquanto conservação da natureza, é de que se nós não tivermos produtores de pinhão nós vamos "bater nos estoques" da natureza. E vamos lembrar: são mais de 70 espécies animais que não tem outro alimento, a não ser esse estoque", complementou Jaime.

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