O passeio Trem dos Vales ainda não tem previsão de retorno na Região dos Vales. Isso porque desde 2024, após as enchentes de maio, parte do trecho da Ferrovia do Trigo, que liga as cidades de Muçum e Guaporé, no Vale do Taquari, ficou deteriorada. O governador em exercício Gabriel Souza viajou à Brasília na semana passada para buscar alternativas junto ao governo federal e retomar os passeios turísticos. O pedido foi solicitado pela Amturvales, entidade responsável por operar os passeios na região, que visa utilizar novamente o trecho e contribuir, também, em suas melhorias.
A ferrovia, cuja concessão é administrada pela Rumo Logística, liga os municípios de Guaporé, Dois Lajeados, Vespasiano Correa e Muçum, e os trechos mais afetados são entre as cidades de Vespasiano Correa e Dois Lajeados. O custo estimado para recuperação dos trechos é de R$ 100 milhões. Rafael Fontana, diretor da Amturvales, explica a questão de obras para recuperação dos trechos está na fase de negociação. "A Associação Brasileira de Preservação Ferroviária e a Amturvales estão em tratativa com a Rumo Logística, que tem a concessão da ferrovia até 2027, para a assinatura de um termo de cessão de uso deste trecho por este período, para permitir que possamos iniciar as melhorias nesses trechos e viabilizar, novamente, o trânsito dos trens", explica.
Em 29 de abril, o Grupo de Trabalho da Malha Sul, constituído por representantes do Ministério dos Transportes, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e da Infra S.A., empresa pública de infraestrutura se reuniu para definir os próximos passos, discutir melhorias e planejar obras de infraestrutura nessa e outras ferrovias afetadas. De acordo com informações do Ministério dos Transportes, o prazo inicial para as atividades do grupo é de 90 dias, podendo ser prorrogado por mais 90 dias.
Para Fontana, as negociações entre os municípios, governo estadual e a concessionária são "uma luz no fim do túnel". Isso porque, através do atrativo turístico, as cidades recebiam cerca de 40 mil visitantes ao longo do ano. "Os visitantes consumiam os produtos da região, os restaurantes, os serviços, a hotelaria, e impactavam nos 36 municípios da região. Esse é um prejuízo econômico que tem nesses pequenos empreendimentos", afirma.
Além disso, Fontana explica que, com o bloqueio das ferrovias entre Muçum e Guaporé, o transporte de combustível e de cargas entre as cidades de Canoas e Passo Fundo sofreu impactos econômicos, recaindo nos preços do combustível na cidade passo-fundense. Ele afirma que a empresa concessionária dos serviços se posiciona sempre junto ao governo federal, mas nunca para a empresa de turismo. Em nota, a Rumo Logística limitou-se a dizer que "dada a complexidade e abrangência da situação, a empresa segue em diálogo com o governo federal e demais autoridades competentes do setor para avaliação conjunta do cenário".