O município de Erechim, na Região Norte do Rio Grande do Sul, enfrenta regularmente o desabastecimento de água em diversos bairros desde o início do ano. A última ocorrência registrada pela Agência Reguladora de Serviços Públicos (Ager) data dos dias 26 e 27 de abril, quando boa parte da cidade teve seu abastecimento de água interrompido durante o fim de semana. A Corsan/Aegea, empresa que abastece Erechim, justifica que a ocorrência deu-se devido à queda de energia causada pela distribuidora Rio Grande Energia (RGE), o que teria causado problemas no município. Contudo, de acordo com o diretor da Ager, Edgar Radeski, a fornecedora de energia elétrica encaminhou um documento oficial à agência informando que o curto aconteceu nos equipamentos da Corsan/Aegea, impactando toda a rede elétrica.
Ainda de acordo com informações da Ager, no dia 28 de abril a prefeitura, juntamente à procuradoria geral municipal e representantes da agência estiveram presentes no Ministério Público a fim de buscar apoio do órgão a respeito desse impasse. A promotoria expôs a possibilidade de propor uma reclamação formal contra a Corsan/Aegea, para que a empresa preste esclarecimentos quanto à falha na prestação dos serviços e tome as medidas cabíveis.
Na visão de Radeski, a falta de investimentos na Corsan/Aegea está gerando a recorrente situação. "Tem acontecido principalmente nos finais de semana. Erechim tem 58 bairros e as partes mais altas são os que mais têm sofrido", conta. Bairros das regiões oeste e sul, situados nas áreas altas da cidade, como o Jabuticabal, Cotrel, Agrícola, Presidente Vargas, Koller, Cerâmica e os bairros Aeroporto, Progresso e Poleto, respectivamente, são os mais impactados, de acordo com o diretor.
Ele explica que, em 2017, o Rio Cravo, importante para o abastecimento de água da cidade, foi transposto a 16 quilômetros de distância do município. "Foi feito um pequeno barramento no rio. Numa época de estiagem são ligados motores a 16 km e bombeiam a água para dentro da barragem na cidade. Só que quando acontece a ruptura de uma tubulação que conduz água para uma caixa d'água de um bairro, começa o problema. Eles (Corsan/Aegea) têm gente trabalhando. Só que os estouros da tubulação têm sido tantos, que as equipes não têm conseguido dar conta", afirma.
Além da falta d'água, a população também reclama sobre a tonalidade da água das torneiras, geralmente turva. "Faltas recorrentes entre seis e oito horas têm sido muito seguidas, principalmente nesses bairros ao redor da cidade de Erechim", relata o diretor.
Em março, a Ager multou três vezes a Corsan/Aegea no valor de R$ 50 mil, após constatar "falhas graves" no fornecimento de água durante nove dias do mês. Radeski explica que o contrato da concessão do fornecimento de serviço está judicializado desde 2016, e a atual empresa não presta os devidos esclarecimentos. Além disso, a empresa pretendia que o município assinasse a renovação do contrato a partir de suas diretrizes, como o limite de investimentos e o sistema de operações. Contudo, Edgar diz que a Ager não concordou, visto que não favorecia a população erechinense.
A prefeitura pretende lançar em julho uma licitação para escolher uma nova concessão que vai gerenciar serviços públicos de abastecimento de água e esgotamento sanitário do município. "Vai ter que entrar nessas premissas que envolverão as necessidades de Erechim. Então, com essa nova licitação, quem ganhar é que vai cuidar do abastecimento e a implantação do esgotamento sanitário", salienta Radeski.
Em nota, a Corsan/Aegea informa que, no fim de 2024, investiu R$ 15 milhões em novas redes de água para atender nove bairros de Erechim, além da parte central da cidade, e que as novas tubulações, de 300 milímetros, possuem o dobro do diâmetro das redes antigas, o que permite maior vazão de água. Com este investimento, a capacidade total de produção de água passou de 180 litros por segundo para 220 litros por segundo, podendo chegar a até 230 litros por segundo, em caso de alto consumo. As obras têm prazo de conclusão para o próximo mês.
Além disso, a companhia informa ter investiu R$ 2,5 milhões na instalação de novos grupos de motores e bombas nas estações de tratamento 1 e 2, para aumentar o volume de água tratada, e na barragem de captação de água bruta.