A mobilização causada pelo impacto das enchentes de maio de 2024 em São Sebastião do Caí, um dos municípios mais afetados pela tragédia no Rio Grande do Sul, começa agora a dar frutos. Com projeto arquitetônico elaborado e doado pelo escritório OSPA Arquitetura & Urbanismo, o Parque das Bergamotas, localizado na parte alta da cidade - menos sujeita ao impacto das águas - começa a sair do papel, com a construção da nova base da Brigada Militar e de uma escola de ensino infantil e fundamental, que terão suas obras iniciadas em abril e junho, respectivamente.
O conjunto, que visa direcionar a expansão da cidade para áreas livres de cheias, será erguido em módulos e, futuramente, também contará com 44 unidades habitacionais destinadas a famílias de baixa renda, um parque linear e, em acréscimo ao que foi planejado inicialmente, uma igreja. A viabilização do Parque das Bergamotas resulta da união de empresários no grupo "#juntos pelo Caí". O projeto ocupará um terreno plano da prefeitura, de 13,3 mil metros quadrados de área, no bairro Rio Branco, onde já havia redes de energia elétrica e de água e esgoto instaladas.
As obras serão custeadas por doações da iniciativa privada, a partir de mobilização comandada pela Associação Comercial, Industrial e de Serviços de São Sebastião do Caí (Acis). "Como sabíamos que a obtenção de recursos ocorreria em diferentes etapas, o projeto foi concebido em vários módulos, que podem ser construídos independentemente uns dos outros, à medida que chegam as doações", diz Carolina Souza Pinto, sócia do OSPA Arquitetura & Urbanismo e uma das autoras do projeto.
O parque teve a pedra fundamental lançada em 21 de dezembro. No início do ano, foram iniciados o estudo topográfico do terreno e o processo de compactação do solo, recém-concluído nas áreas onde serão iniciadas as obras. Entre fevereiro e abril, foram firmados os contratos com os apoiadores.
O projeto prevê também a construção de 44 casas. Serão habitações de 37,5 m², com dois dormitórios, cozinha, banheiro, sala de estar, lavanderia e jardim de serviço que, mesmo estando em área coletiva, proporcionam privacidade aos moradores. Esta última característica resulta da disposição irregular dos módulos residenciais, o que também faz com que as janelas das unidades não fiquem de frente uma para outra.