Porto Alegre,

Publicada em 10 de Junho de 2024 às 16:30

Rede hoteleira de Bento Gonçalves busca atrair turistas

Cenário para julho, segundo o Segh, é de apenas 5% de pré-reservas realizadas

Cenário para julho, segundo o Segh, é de apenas 5% de pré-reservas realizadas

HOTEL DALLONDER/DIVULGAÇÃO/JC
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João Dienstmann
A rede hoteleira de Bento Gonçalves, na Serra gaúcha, tenta atrair novamente os turistas após o período das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul. Os dados de movimentação na cidade estão bem abaixo do normal, segundo o Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria da Região Uva e Vinho (Segh). Em maio, por exemplo, a taxa de ocupação da rede foi de 23%. Para julho, por exemplo, há apenas 5% dos leitos pré-reservados, conforme a entidade.
A rede hoteleira de Bento Gonçalves, na Serra gaúcha, tenta atrair novamente os turistas após o período das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul. Os dados de movimentação na cidade estão bem abaixo do normal, segundo o Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria da Região Uva e Vinho (Segh). Em maio, por exemplo, a taxa de ocupação da rede foi de 23%. Para julho, por exemplo, há apenas 5% dos leitos pré-reservados, conforme a entidade.
A representante do sindicato, a diretora executiva Marcia Ferronato, comentou que o normal para o mês passado, somando, por exemplo, o feriado de Corpus Christi, era de 60%, em média. Ela afirma que a rede hoteleira precisou achar alternativas para a remarcação dessas estadias, mas também foi impactada com o cancelamento, o que gera dois problemas: a devolução do valor - que já estava contabilizado para custos naquele mês - e a vacância, ou seja, a liberação de uma vaga que estava confirmada, sem que haja a perspectiva dela ser preenchida novamente.
Márcia afirma que o fechamento do Aeroporto Salgado Filho é um dos principais fatores para essa redução. "O desafio persiste, a economia tem que girar, para seguirmos cuidando das pessoas e dos negócios. No mês de junho, hoteleiros seguem apresentando benefícios ou pacotes, mas devido a situação do RS, eventos e reservas foram cancelas. O fechamento do aeroporto Salgado Filho é outro grande gargalo. Apesar da maioria dos acessos liberados e aeroportos regionais como é o caso do Hugo Cantergiani de Caxias, temos outros desafios como valor das passagens, baixa oferta de voos e a urgência de reapresentar atrativos e produtos de Bento e do RS", afirma.
A diretora executiva do Segh revela um outro dado que deixa o setor preocupado. As pré-reservas para o mês de julho abrigam apenas 5% da oferta da região. A baixa perspectiva fez entidades do trade turístico se unirem em um comitê de crise para tentar reaquecer o turismo na região. Uma delas é o Abrace Bento, que prossegue com ofertas até, pelo menos, 30 de junho em estabelecimentos desse segmento. "Momentaneamente, (o Abrace Bento) é uma solução, mas muito aquém das necessidades do setor. No comitê seguem os planos, como a valorização do turismo rodoviário, a manutenção de campanhas de incentivo ao turismo e unindo esforços para melhorias, como por exemplo a partir do Aeroporto de Caxias e estimular a realização de eventos na cidade. Os setores econômicos do turismo e eventos precisam, urgente, de socorro", complementa Márcia.

Dall'Onder tenta evitar cancelamentos e negocia remarcações com clientes

Uma das principais redes hoteleiras da região da Uva e Vinho, a Dall'Onder Hotéis busca amenizar os impactos da falta de demanda por hóspedes. Com três unidades em Bento Gonçalves e uma em Garibaldi, a estratégia principal é evitar cancelamentos e negociar com os clientes a prorrogação de prazos para as hospedagens que estavam marcadas para o mês de maio. Em alguns casos, houve a concessão de um prazo de remarcação de até cinco anos para um hóspede, segundo conta a vice-presidente da rede, Maitê Michelon.
Ela conta que o mês de maio teve 100% das reservas canceladas por conta do desastre natural no Estado. Os hóspedes que ocuparam os hotéis da rede no período se resumiram, basicamente, aos voluntários e equipes de resgate que trabalharam na cidade e região. "Fornecemos cerca de 400 cortesias para essas pessoas. Depois, precisamos cobrar um valor para cobrir custos. Tentamos, também, focar nos serviços dos restaurantes, piscina aquecida e até a lavanderia para gerar alguma receita", conta.
Diretora executiva de rede, Maitê Michelon prevê normalização do fluxo somente em janeiro
Diretora executiva de rede, Maitê Michelon prevê normalização do fluxo somente em janeiro MAITÊ MICHELON/ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/CIDADES
 
A operação dos hotéis também ficou reduzida durante o período, explica Maitê. A tendência é de retomada ainda no mês de junho, mas ainda com a incerteza no fluxo. "A normalidade para nós é termos cerca de 90% da lotação aos fins de semana. Neste último (dias 8 e 9 de junho), atingimos 40%", conta a diretora. A estimativa da rede é ter um prejuízo de R$ 3 milhões mensais, que podem ser reduzidos com "medidas de contingenciamento", conforme a gestora, além da antecipação de receitas com eventos que já estavam agendados e foram adiados. "Os eventos preenchem nossa necessidade de segunda a quinta-feira, e o turismo de lazer, de sexta a domingo. Estamos, hoje, só com a demanda de fim de semana e, ainda, abaixo do normal", explica.
Ela também conta que o perfil do turista mudou, marcando as estadias na própria semana e acompanhando a previsão do tempo para confirmar a reserva. Para o mês de junho, considerado o melhor, por ser um tradicional período de férias, a demanda deve ficar em 50% do que costumava ser. Ela entende que um cenário de normalidade só deve voltar em janeiro. A rede tem, atualmente, 800 apartamentos e cerca de 2,5 mil leitos nos quatro hotéis.

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