Salvos das crises, turcos na Alemanha preferem Erdogan por religião e estabilidade

Além da Alemanha, o forte apoio a Erdogan se repetiu em outros países da Europa Ocidental, como França (64%) e Áustria (71%)

Por Folhapress

Ao todo, 3,25 milhões de turcos que moram no exterior podem votar nas eleições, cerca de 5% do eleitorado
Ahmed Demirdogen, 57 anos, é turco e mora há 20 anos na Alemanha. Ele trabalha como segurança de um supermercado em Berlim e diz que votou em Recep Tayyip Erdogan nas eleições do último dia 14 "porque ele fez a Turquia avançar de 0 a 100" - e que vai votar nele de novo no segundo turno, que acontece no próximo domingo (28).
Conversando com a reportagem por meio de um intérprete, que traduziu do turco para o alemão, Demirdogen diz que enxerga avanços constantes nos índices de emprego na Turquia e que gosta do estilo de liderança de Erdogan. Mas o principal motivo que o faz ir às urnas é que trocar de governo agora seria um grande risco, diz. "Toda grande mudança tem dois lados."
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Uslucan participou de um evento do Centro Alemão de Pesquisas de Integração e Migração (DeZIM), em Berlim, que apresentou nesta terça-feira (23) uma pesquisa sobre as posições políticas da comunidade turca na Alemanha. O estudo entrevistou 738 pessoas de origem turca de março a abril de 2023, e 84% dos entrevistados descreveram a eleição presidencial como importante ou muito importante para a economia e para o sistema político da Turquia.
O mesmo levantamento também apontou que 65% dos participantes se dizem interessados no resultado do pleito, com os outros 35% dizendo não ter interesse na disputa. Dos interessados, 74% tem direito a votar - ou seja, possuem tanto a cidadania turca quanto a alemã.
Além da Alemanha, o forte apoio a Erdogan se repetiu em outros países da Europa Ocidental, como França (64%) e Áustria (71%), um contraste com a larga vantagem de Kilicdaroglu nos EUA (80%), por exemplo. De acordo com o estudo do DeZIM, essa diferença se explica pelo perfil do imigrante.