Rússia adverte EUA após queda de drone no Mar Negro

Russos veem com preocupação as atividades militares dos EUA perto de suas fronteiras

Por Folhapress

Para o Kremlin, apoio dos EUA a Kiev equivale a guerra por procuração
Um dia após ser acusada pelos Estados Unidos de ter provocado a queda de um drone norte-americano operando no Mar Negro, perto do conflito na Ucrânia, a Rússia disse para Washington parar sua atividade aérea perto das fronteiras russas.
A advertência foi feita em um comunicado do embaixador russo nos EUA, Anatoli Antonov, na madrugada desta quarta (15). Ele havia sido convocado pelo Departamento de Estado para dar explicações sobre o episódio, o mais grave encontro de aeronaves russas e ocidentais desde o início da Guerra da Ucrânia.
"A atividade militar inaceitável dos EUA perto de nossas fronteiras é motivo de preocupação. Elas recolhem inteligência, que subsequentemente é usada pelo regime de Kiev para atacar nossas Forças Armadas e território", afirmou.
Na manhã de terça (14),
O ponto do embaixador é óbvio e correto, embora ignore propositadamente a realidade: as fronteiras de atrito entre a Rússia e o Ocidente ficam em torno da antiga esfera soviética: mares Negro e Báltico, Pacífico Ocidental, por exemplo. E, se não têm nenhum drone perto da costa leste norte-americana, os russos voam suas próprias patrulhas de reconhecimento, quando não apenas para testar a velocidade de reação dos adversários, particularmente no norte da Europa.
O Mar Negro é palco costumeiro desses incidentes. Pouco antes da guerra, os russos jogaram bombas de um jato para afastar um navio de guerra britânico da costa da Crimeia, a península anexada em 2014 que sedia sua Frota do Mar Negro. E, em outubro, dispararam, segundo alegado, por acidente, um míssil perto de um avião-espião de Londres. O risco desses cenários é o de uma escalada não intencional em um cenário conturbado, exatamente o que há hoje entre Moscou e Washington, apesar de as partes estarem colocando panos quentes para evitá-la.
Na manhã desta quarta (madrugada no Brasil), o Ministério das Relações Exteriores russo disse que não iria mais comentar o episódio, mas repetiu que as relações com os EUA estão no pior nível da história. Para o governo de Vladimir Putin, o apoio maciço norte-americano a Kiev equivale a uma guerra por procuração, uma vez que os EUA já enviaram à Ucrânia US$ 47,3 bilhões em armas e defesa até janeiro.