Frio e crise política dificultam resgate após terremoto na Turquia e na Síria

Número de vítimas se aproxima dos 7 mil e socorristas tem dificuldades com as baixas temperaturas

Por Folhapress

Com temperaturas negativas, socorristas buscam sobreviventes em meio aos escombros
Frio, tensões políticas, tremores secundários e danos na infraestrutura das estradas atrapalham as buscas de sobreviventes na Turquia e na Síria após o terremoto desta segunda-feira que já matou mais de 6,3 mil pessoas.
O terremoto de magnitude 7,8 matou 4.544 na Turquia e 1.712 na Síria, de acordo com os balanços das autoridades de Damasco e das equipes de resgate nas zonas rebeldes. Foi o segundo tremor mais forte em um século e o mais letal dos últimos 24 anos. O governo turco calcula que 5.775 prédios tenham colapsado.
Na manhã desta terça-feira, as Nações Unidas anunciaram que o fluxo de ajuda da Turquia para o Noroeste da Síria foi temporariamente interrompido devido a danos nas estradas e outros problemas logísticos.
El-Mostafa Benlamlih, coordenador da ONU em Damasco, disse que muitas pessoas passaram a noite dormindo ao ar livre ou em carros, muitas vezes em temperaturas congelantes, sem acesso a itens básicos como jaquetas e colchões.
O frio e o gelo também atrapalharam operações de resgate no Sul da Turquia, segundo Murat Harun Öngören, coordenador da Akut. A organização é uma das maiores da sociedade civil do país em relação a resgate e ajuda humanitária.
Na Síria, até mesmo a ajuda humanitária internacional pode ser impactada, já que uma guerra civil assola o país há quase 12 anos, dividindo o território e dificultando o atendimento efetivo da população.
O regime de Bashar al-Assad está isolado internacionalmente e é alvo de sanções - a Rússia, um de seus poucos aliados, foi um dos únicos países que prometeu o envio imediato de equipes de emergência.
Enquanto isso, o embaixador da Síria na ONU, Bassam Sabbagh, havia garantido que as ajudas recebidas seriam destinadas a "todos os sírios, em todo o território". Mas impôs uma condição: que os auxílios sejam distribuídos pelo próprio regime.
O problema é que províncias como Idlib, reduto ao Norte do país controlado por rebeldes e jihadistas, não mantém pontes com Damasco. Quase toda a ajuda humanitária que chega à área hoje vem da Turquia e passa pelo Bab al Hawa, um ponto de acesso criado a partir de uma resolução da ONU -e que, tanto para al-Assad quanto para Moscou, representa uma violação da soberania síria.