MP alemão indicia cinco pessoas por planejar sequestrar ministro e depor governo

Nos últimos anos, as autoridades alemãs têm classificado a violência da extrema direita como a principal ameaça à ordem pública

Por AFP

A policeman stands behind a car of the forensic experts during a raid on December 7, 2022 in Berlin that is part of nationwide early morning raids against members of a far-right "terror group" suspected of planning an attack. - During the nationwide raids, police arrested 25 people suspected of belonging to a far-right "terror cell" plotting to overthrow the government and attack parliament. Around 3,000 officers including elite anti-terror units took part in the early morning raids and searched more than 130 properties, in what German media described as one of the country's largest police actions ever against extremists. (Photo by Tobias SCHWARZ / AFP)
Cinco alemães de extrema direita, suspeitos de terem tentado orquestrar o sequestro do ministro da Saúde e derrubar o governo, foram indiciados por traição, anunciou o Ministério Público nesta segunda-feira (23).
O grupo, formado por quatro homens e uma mulher, foi estabelecido há um ano com o objetivo de "criar, através da violência, as condições para uma guerra civil na Alemanha (...) e provocar a queda do governo e da democracia alemã", detalhou em nota o MP, encarregado de assuntos de terrorismo.
As cinco pessoas foram detidas entre abril e outubro do ano passado e enfrentam acusações que vão da fundação de um grupo terrorista nacional à preparação de um ato de traição e violação da lei sobre armas, segundo o MP.
Para executar seus planos, o grupo aceitou que poderia haver mortos, e a mulher, Elisabeth R., influenciou a ideologia de seus membros, convencidos de que o Estado moderno alemão não é legítimo, acrescentou a fonte. Em seu lugar, afirmavam que o império alemão do século XIX devia ser o sistema de governo do país e que era preciso restabelecer uma ordem autoritária.
O grupo tinha um "braço militar" e outro "administrativo" e teria preparado um plano em três etapas para derrubar o governo. A primeira era a sabotagem das instalações elétricas para provocar um "apagão". Em seguida, o grupo devia sequestrar o ministro da Saúde, Karl Lauterbach, após o assassinato de seu guarda-costas. Finalmente, estas ações deviam criar as condições para uma "guerra civil" e a nomeação de um dirigente.
As crenças do grupo coincidem com as de outro movimento de extrema direita, chamado "Reichsbürger" (Cidadãos do Reich) e que rejeita as instituições democráticas. O grupo atraiu um número crescente de seguidores.
Nos últimos anos, as autoridades alemãs têm classificado a violência da extrema direita como a principal ameaça à ordem pública, acima do extremismo islâmico. Em dezembro, a justiça anunciou ter frustrado os planos de outro grupo de extrema direita, que planejava atacar as instituições democráticas, inclusive o Parlamento.