Alemanha prende extremistas que planejavam golpe de Estado e nomeação de 'príncipe'

A Alemanha classificou nos últimos anos a violência de extrema direita como a principal ameaça à ordem pública, à frente do jihadismo

Por Folhapress

German special police forces detain Heinrich XIII Prinz Reuss after searching a house in Frankfurt / Main, western Germany, on December 7, 2022 as part of nationwide early morning raids against members of a far-right "terror group" suspected of planning an attack on parliament. - More than 3,000 officers including elite anti-terror units took part in the early morning raids and searched more than 130 properties, in what German media described as one of the largest police actions the country has ever seen. The raids targeted alleged members of the "Citizens of the Reich" (Reichsbuerger) movement suspected of "having made concrete preparations to violently force their way into the German parliament with a small armed group", prosecutors said in a statement. (Photo by Boris Roessler / dpa / AFP) / Germany OUT
A polícia da Alemanha prendeu 25 pessoas nesta quarta-feira (7), em uma megaoperação contra um grupo de extrema direita que planejava um ataque armado contra o Parlamento para nomear um descendente de uma família real como líder. Os detidos são suspeitos de "preparativos concretos para entrar de maneira violenta no Bundestag (a Câmara Baixa do Parlamento) com um pequeno grupo armado", informa um comunicado divulgado pelo Ministério Público.
"Suspeitamos que um ataque armado estava previsto contra os órgãos constitucionais", afirmou o ministro da Justiça, Marco Buschmann, em mensagem no Twitter, na qual destaca uma "ampla operação antiterrorista". O MP afirma que o grupo é simpatizante do Reichsbuerger (Cidadãos do Reich), movimento que não reconhece a Alemanha moderna como um Estado legítimo. Alguns deles querem a retomada de uma monarquia, enquanto outros são adeptos de ideias nazistas.
Segundo os promotores, a trama previa que um descendente de uma família real alemã, identificado como Heinrich XIII Prinz Reuss, assumisse a liderança de um estado futuro, enquanto outro suspeito, Ruediger V. P., seria o chefe do braço militar. Heinrich usa o título de príncipe e vem da Casa Real de Reuss, que governou partes do leste da Alemanha. Ele teria procurado representantes da Rússia, vistos pelo grupo como um contato central para estabelecer a nova ordem. Não há evidências, porém, de que representantes russos tenham reagido positivamente ao pedido.
A embaixada da Rússia na Alemanha informou que as instituições diplomáticas e consulares no país não mantêm contatos com representantes de grupos terroristas e outras organizações ilegais, de acordo com a agência de notícias RIA. O porta-voz do Kremlin também disse a repórteres que não há envolvimento de seu país na suposta conspiração. "Isso parece ser um problema interno alemão", afirmou Dmitri Peskov.
Fundada "no máximo no final de 2021", a célula desmantelada nesta quarta tem como objetivo superar a ordem estatal existente na Alemanha e substituí-la por uma forma de Estado própria", um projeto que só pode ser concretizado "com o uso de meios militares e violência contra representantes do Estado", afirma o comunicado do MP de Karlruhe, responsável por casos que afetam a segurança do Estado.
Os membros estão "unidos por uma profunda rejeição das instituições do Estado e da ordem fundamental liberal e democrática da República Federal da Alemanha, o que aumentou entre eles, ao longo do tempo, a decisão de participar em sua eliminação pela violência e iniciar atos preparatórios concretos para este fim", afirmam os procuradores federais.

Polícia mobilizou 3.000 policiais para cumprir prisões e mandados

Para efetuar as prisões, quase 3.000 agentes das forças de segurança foram mobilizados em toda a Alemanha, com mais de 130 operações de busca e apreensão. Além dos 25 detidos, outras 27 pessoas estão sendo investigadas por suspeitas de integrar a célula criminosa, informou o MP. "O prosseguimento da investigação permitirá determinar se existem elementos que constituem o crime de preparação de um ato de alta traição contra o Estado", acrescentou o Ministério Público.
Também nesta quarta, outro suspeito de integrar a conspiração, um ex-oficial do Exército alemão de 64 anos, foi preso na Itália. A polícia italiana afirma que ele estava em um hotel na cidade de Perugia, onde foi encontrado "material relacionado à atividade subversiva" da organização. O comunicado diz que os procedimentos para extraditá-lo já começaram.
A Alemanha classificou nos últimos anos a violência de extrema direita como a principal ameaça à ordem pública, à frente do jihadismo. Há alguns meses, as autoridades desmantelaram um pequeno grupo de extrema-direita suspeito de planejar atentados no país, assim como o sequestro do ministro da Saúde.