Ucrânia prepara retirada de milhões de pessoas após ataques da Rússia à rede de energia

Dez milhões de ucranianos estão atualmente sem eletricidade, e metade da infraestrutura de energia do país está danificada ou destruída

Por Agência Estado

A Ukrainian rescue service member and a soldier inspect the area as black smoke rises after an attack on an oil reserve in Kherson on November 20, 2022, amid the Russian invasion of Ukraine. (Photo by BULENT KILIC / AFP) Caption
Conforme a Rússia investe em sua estratégia de utilizar o inverno do Hemisfério Norte como arma de guerra, a Ucrânia prepara a retirada de milhões de civis das regiões do sul, onde ataques a infraestruturas básicas de energia e água podem colocar em risco a vida dos ucranianos quando as temperaturas ficarem abaixo de zero. O governo já começou as retiradas na recém-recuperada Kherson e pretende fazer o mesmo em Mikolaiv.
A OMS espera que entre dois milhões e três milhões de ucranianos deixem suas casas em busca de calor e segurança neste inverno, disse Kluge. Não ficou claro, porém, se este número se refere a pessoas que devem deixar o país ou seguirão para outras partes da Ucrânia.

Mais de 7,8 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia como refugiados desde fevereiro, de acordo com a agência de refugiados das Nações Unidas, o maior deslocamento de pessoas na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Milhões de outros fugiram de suas casas, mas permaneceram no país.

Os hospitais também estão enfrentando a ameaça adicional de escassez de energia, disse Kluge. A dificuldade que os moradores terão de acessar serviços de saúde confiáveis aumentou a preocupação da OMS com a disseminação do coronavírus e da gripe sazonal neste inverno.

Orientação é para poupar energia e estocar cobertores

A Ucrânia como um todo se prepara para um inverno congelante e com episódios de apagões que podem durar até março. O presidente Volodmir Zelensky pediu na segunda-feira aos residentes que limitem seu consumo de energia. "Todos os nossos funcionários e empresas devem ser muito moderados e distribuir o consumo por horas do dia", disse ele em seu discurso noturno à nação.

Sergei Kovalenko, CEO da fornecedora privada de energia DTEK Yasno, disse em um post no Facebook na segunda-feira que a empresa estava sob instruções da operadora de rede estatal da Ucrânia para retomar os apagões de emergência nas áreas que cobre, incluindo a capital Kiev e a região leste de Dnipropetrovsk. "Embora haja menos apagões agora, quero que todos entendam: muito provavelmente, os ucranianos terão que conviver com apagões até pelo menos o final de março", alertou.

"Acho que precisamos estar preparados para diferentes opções, mesmo as piores. Abasteça-se de roupas quentes, cobertores, pense no que vai ajudá-lo a esperar um longo período de paralisação", disse ele, dirigindo-se aos residentes ucranianos.

Segundo Kovalenko, mesmo que não haja mais ataques russos à rede elétrica ucraniana, serão necessárias interrupções programadas em toda a Ucrânia para garantir que a energia seja distribuída uniformemente pela rede elétrica danificada. Conforme Zelensky, os ataques com mísseis russos danificaram mais de 50% das instalações de energia do país.