Irã inicia a produção de urânio enriquecido a 60% na central de Fordo

O Irã sempre negou que suas atividades nucleares tenham como objetivo a produção de uma bomba e insiste em que seu programa tem finalidades civis

Por AFP

(FILES) This file handout picture released by Iran's Atomic Energy Organization on November 4, 2019, shows shows the atomic enrichment facilities Natanz nuclear research center, some 300 kilometres south of capital Tehran. - Iran is removing 27 surveillance cameras at nuclear facilities, the International Atomic Energy Agency (IAEA) head Rafael Grossi said on June 9, 2022, calling it a "serious challenge" to the agency's work in the country. (Photo by HO / Atomic Energy Organization of Iran / AFP) / === RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / HO / ATOMIC ENERGY ORGANIZATION OF IRAN" - NO MARKETING NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS ===
O Irã anunciou nesta terça-feira (22) que começou a produzir urânio enriquecido a 60% na central nuclear de Fordo, reaberta em 2019, quando o governo de Teerã deixou de cumprir progressivamente o acordo internacional com as grandes potências sobre seu programa nuclear.
O nível de 60% está muito acima da cota de 3,67% estabelecida pelo acordo 2015 para evitar que o Irã produza uma arma atômica. A fabricação de uma bomba nuclear exige um nível de enriquecimento de urânio de 90%.
Sob o acordo, o Irã também aceitou congelar as atividades de enriquecimento na central de Fordo, que fica 180 quilômetros ao sul de Teerã e foi construída no subsolo para evitar ataques com mísseis de um país inimigo. "A produção de urânio enriquecido a 60% começou em Fordo na segunda-feira", anunciou o diretor da Organização Iraniana de Energia Atômica, Mohammad Eslami, citado pela agência de notícias ISNA. "Nós alertamos que as pressões políticas não mudam nada", acrescentou.
O Irã sempre negou que suas atividades nucleares tenham como objetivo a produção de uma bomba e insiste em que seu programa tem finalidades civis. Teerã se comprometeu a restringir suas atividades com o acordo internacional de 2015 e, em troca, as grandes potências suspenderam as sanções impostas a Teerã por seu programa nuclear.
O acordo está na corda bamba desde 2018, porém, quando o governo dos Estados Unidos abandonou o pacto de maneira unilateral, durante o governo de Donald Trump, e restabeleceu as sanções contra o país. Um ano depois, Teerã começou a deixar de cumprir, de maneira progressiva, suas obrigações.
Em janeiro de 2021, a República Islâmica anunciou que estava trabalhando para enriquecer urânio a 20%. Alguns meses depois, outra instalação iraniana alcançou o nível de 60%.
O porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, expressou nesta terça-feira a "profunda preocupação" do governo norte-americano com o "progresso do programa nuclear do Irã" e com "a melhora constante de suas capacidades de mísseis balísticos".
Os Estados Unidos devem participar de uma retomada do acordo internacional. As negociações estão em curso desde abril do ano passado.