COP-27 chega a acordo sobre fundo para países com impactos climáticos

Valor irá para países mais afetados por mudanças climáticas; falta de medidas contra emissões frustrou líderes

Por Agência Estado

Uso de combustíveis fósseis segue sendo um dos pontos de discórdia
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-27) chegou ao fim neste domingo com um acordo sobre a criação de um fundo de "perdas e danos" para os países mais afetados por mudanças climáticas, segundo comunicado oficial do evento realizado no Egito. Apesar da decisão inédita, líderes globais mostraram descontentamento, principalmente, com a falta de medidas efetivas para combater as emissões geradas pelo uso de combustíveis fósseis.
"Decidimos um caminho a seguir em uma conversa de décadas sobre financiamento para perdas e danos - deliberando sobre como abordamos os impactos nas comunidades cujas vidas e meios de subsistência foram arruinados pelos piores impactos das mudanças climáticas", disse Simon Stiell, Secretário Executivo da ONU para Mudanças Climáticas.
A COP-27 resultou na entrega de um pacote de decisões pelos países que reafirmaram seu compromisso de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais. O pacote também fortaleceu ações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e se adaptar aos impactos da mudança climática, além de aumentar o apoio financeiro, tecnológico e de capacitação necessário aos países em desenvolvimento.
Os governos concordaram ainda em estabelecer um "comitê de transição" para fazer recomendações sobre como operacionalizar os novos acordos de financiamento e o fundo na COP28 do próximo ano. Espera-se que a primeira reunião do comitê de transição ocorra antes do final de março de 2023.
A decisão, nomeada como Plano de Implementação de Sharm el-Sheikh, destaca que uma transformação global para uma economia de baixo carbono deverá exigir investimentos de pelo menos US$ 4 a 6 trilhões por ano.
Nas primeiras horas da noite, a União Europeia e outras nações lutaram contra o que consideravam um retrocesso no acordo de cobertura abrangente da presidência egípcia e ameaçaram abandonar o restante do processo. O pacote foi revisado novamente, removendo a maioria dos elementos aos quais os europeus se opuseram, mas sem contemplar todas as demandas, segundo a Associated Press.
"O que temos diante de nós não é um passo à frente suficiente para as pessoas e o planeta", disse o vice-presidente executivo da União Europeia, Frans Timmermans. "Não traz esforços adicionais suficientes dos principais emissores para aumentar e acelerar seus cortes de emissões."
O acordo inclui uma referência velada aos benefícios do gás natural como energia de baixa emissão, apesar de muitos países pedirem uma redução gradual do gás natural, que contribui para a mudança climática.
Ativistas climáticos manifestam especial preocupação com o fato de que pressionar por uma ação forte para acabar com o uso de combustíveis fósseis será ainda mais difícil na reunião do próximo ano, que será realizada em Dubai, localizada nos Emirados Árabes, ricos em petróleo.