Xi Jinping assegura 3º mandato e consolida poder absoluto no Partido Comunista

Decisão foi tomada em Pequim e inclui outros sete comandantes da política chinesa

Por Agências

China's President Xi Jinping speaks during the opening session of the 20th Chinese Communist Party's Congress at the Great Hall of the People in Beijing on October 16, 2022. - The effect was achieved through varying the lens' focal length. (Photo by Noel CELIS / AFP)
Os sete homens que vão comandar a política chinesa pelos próximos cinco anos foram apresentados à imprensa na manhã deste domingo (23), em Pequim. Sem surpresa, Xi Jinping, de 69 anos, foi reconduzido a um terceiro mandato e vai presidir o Comitê Permanente do Politburo - coração da hierarquia política chinesa.
Junto de Xi, ascenderam o secretário-geral em Xangai, Li Qiang, o secretário da Comissão Central de Inspeção Disciplinar, Zhao Leji, o chefe do Secretariado do partido, Wang Huning, o secretário-geral em Pequim, Cai Qi, o diretor do Escritório-Geral, Ding Xuexiang, e o secretário-geral no Cantão, Li Xi.
A surpresa foi a ausência de Hu Chunhua. Membro da Juventude Comunista - facção antes poderosa no partido, de onde saíram o ex-líder chinês Hu Jintao e o premiê Li Keqiang -, Hu era um dos poucos nomes aventados para promoção não alinhado automaticamente a Xi e o principal favorito ao posto de premiê.
Em seu lugar, quem deve ocupar o cargo será o agora ex-secretário-geral do Partido Comunista Chinês em Xangai, Li Qiang. Historicamente, a cidade tem sido terreno fértil para líderes que almejam o Comitê Permanente.
Com exceção de Chen Liangyu, derrubado após acusações de corrupção em 2006, todos os chefes do partido em Xangai chegaram à cúpula do Politburo nos últimos 33 anos. Outra surpresa é o quão alto Li Qiang conseguiu subir na hierarquia interna. Ele foi duramente criticado internamente no início do ano pela forma desastrosa como geriu o surto de Covid-19 no principal hub econômico nacional, levando a metrópole a um lockdown de dois meses.
Primeiro a chegar ao cargo sem nunca ter sido vice-premiê desde Zhou Enlaim, um dos pais fundadores da China comunista, e Hua Guofeng, herdeiro escolhido por Mao Tse-tung, Li também não ocupou postos no Conselho de Estado, principal autoridade administrativa do país e passo crucial na carreira de premiês. Sua promoção parecia difícil, mas no fim contou a seu favor a ligação com Xi. Li atuou ao lado dele quando o líder chinês foi secretário-geral da província de Zhejiang. Desde então, tem sido leal ao colega.
Outra surpresa foi a promoção de Cai Qi. Outro fiel escudeiro de Xi, ele é visto internamente como um político de menor prestígio e, em seu lugar, esperava-se a promoção de Chen Min'er, chefe do partido em Chongqing, maior cidade da China. Assim, com o anúncio, Xi sacramentou seu poder dentro do Partido Comunista Chinês, conseguindo preencher todas as posições com aliados próximos.
A cerimônia de anúncio começou quase sem atrasos - um sinal de aparente consenso interno -, e a ordem de entrada no Salão Dourado indica como a política chinesa vai se desenhar nos próximos anos. Além de Xi, que, claro, puxou o pelotão, Li Qiang foi o segundo a entrar, indicando que seu posto será o de premiê. Zhao Leji, o terceiro, deve dirigir o Congresso Nacional do Povo.
Um dos principais ideólogos de Xi, Wang Huning ficará à frente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Cai Qi provavelmente se encarregará do alinhamento ideológico, Ding Xuexiang assumirá o posto de vice-premiê executivo, e Li Xi completa a lista como encarregado de liderar os esforços anticorrupção.