Europa promete reagir a novos ataques contra gasodutos

Kremlin criticou as suspeitas de que a Rússia estaria por trás das explosões na costa dinamarquesa

Por Folhapress

Avaliação extraoficial alemã é de que os danos no Nord Stream podem ser permanentes
A União Europeia disse nesta quarta (28) que os dois gasodutos que ligam a Rússia à Alemanha foram atacados, e prometeu reagir. "Qualquer perturbação deliberada da infraestrutura energética europeia encontrará uma resposta unida e robusta", disse o diplomata-chefe do bloco, Josep Borrell.
Já o Kremlin criticou as suspeitas levantadas por autoridades ocidentais, nenhuma delas em público, de que os russos estariam por trás das
É retórica, visto que Biden provavelmente falava da pressão econômica que poderia fazer por meio de sanções sobre a Alemanha, como de resto seu antecessor Donald Trump já fizera para tentar inviabilizar o projeto energético que era o xodó do governo de Angela Merkel. Mas mostra o nível de tensão da situação.
Borrell também não especificou quem estaria por trás das duas explosões subaquáticas no mar Báltico que afetaram os ramais. O Nord Stream 1 estava operando a baixa capacidade pelo que o Kremlin disse ser um problema técnico e os europeus, pressão política devido às sanções pela guerra, e o seu irmão nunca chegou a ser acionado comercialmente, mas estava carregado de gás para manter o sistema pronto para ser usado.
Os governos da Suécia, Dinamarca e Alemanha afirmam que trabalham com a hipótese de sabotagem, mas são cuidadosos em não apontar culpados ainda. Estocolmo foi além, reiterando que não considera o ataque um ato contra seu país, para baixar a tensão - os suecos estão, ao lado de finlandeses, em processo de adesão à Otan (aliança militar liderada pelos EUA) devido ao conflito na Ucrânia.
Enquanto isso, os danos efetivos ao sistema estão sendo avaliados. Na Alemanha, o jornal Tagesspiegel disse que a avaliação extraoficial do governo é de que os danos podem ser permanentes.
O sistema Nord Stream começou a operar em 2011, na forma de um consórcio multinacional liderado pela estatal russa Gazprom. Para a Alemanha, era uma forma de assegurar gás russo mais barato, por meio dos mais longos dutos subaquáticos já criados pelo homem, de 1.200 km de extensão.
Para Putin, era a oportunidade de selar a parceria estratégica com uma Europa dependente de seu produto, e de tirar progressivamente o fluxo dele pelos dois gasodutos soviéticos que passam pela Ucrânia, que ainda estão operando mesmo com a guerra. Eles davam uma carta na manga para Kiev, além de cerca de US$ 3 bilhões anuais em pedágio.