Rússia isenta banqueiros, jornalistas e pessoal de TI de convocação

Em meio à insatisfação com a convocação de reservistas, o Kremlin resolveu poupar algumas categorias particularmente influentes na classe média

Por Folhapress

A man rides a bicycle by a Russian soldier standing guard in Volnovakhaa in the self-proclaimed Donetsk People's Republic (DNR), on April 11, 2022. The picture was taken during a trip organized by the Russian military. (Photo by Alexander NEMENOV / AFP)
A Rússia começou a detalhar nesta sexta-feira (23) as regras da sua mobilização parcial que visa fornecer 300 mil reservistas para servir na Guerra da Ucrânia. Em meio à grande insatisfação registrada com a medida, pelas informações disponíveis, o Kremlin resolveu poupar algumas categorias particularmente influentes na classe média.
Trabalhadores do setor de tecnologia da informação, banqueiros, defesa e jornalistas serão inicialmente poupados, mas as empresas dessas áreas foram orientadas a fornecer listas com seus profissionais para que o Ministério da Defesa faça o escrutínio.
Na redação de um grande órgão estatal russo, segundo um profissional que pediu anonimato, a sensação é de grande ansiedade. "Não sabemos nada no fim", afirmou o jornalista. Para ser convocado, teoricamente o cidadão precisa receber uma carta em mãos de um policial ou autoridade militar, embora isso não pareça estar acontecendo em todo o país.
As exceções parecem visar categorias que podem reverberar a impopularidade que se espera da medida, principalmente nos grandes centros urbanos, como Moscou e São Petersburgo. É possível especular que jornalistas também não sejam bem-vindos na frente, dado que sempre podem divulgar informações que não interessem ao Kremlin.
A mobilização foi decretada na quarta (21) por Valdimir Putin, buscando resolver o principal problema de sua campanha no país vizinho, que invadiu em fevereiro. A insuficiência de tropa é uma questão central para o fracasso da ofensiva inicial, marcada por erros táticos também, e pela perda das áreas ocupadas em Kharkiv (nordeste do país) neste mês.
Desde então surgiram relatos na mídia ocidental do que seria um êxodo da Rússia.