Líderes muçulmanos do Uzbequistão instam população a não se alistar no exército da Rússia

Sem fazer menção direta à Rússia, o Conselho Muçulmano uzbeque alegou que membros de 'organizações terroristas' estariam recrutando muçulmanos para lutar na Ucrânia

Por Folhapress

People walk at the Registan square in downtown Samarkand on September 13, 2022. - A regional summit this week where Russian President Vladimir Putin will meet China's Xi Jinping and other Asian leaders will showcase an "alternative" to the Western world, the Kremlin said on September 13, 2022. Putin and Xi will be joined by the leaders of India, Pakistan, Turkey, Iran and several other countries for the summit of the Shanghai Cooperation Organisation (SCO) in the Uzbek city of Samarkand on 16-17 September 2022. (Photo by Alexander NEMENOV / AFP)
A mais alta autoridade religiosa do Uzbequistão instou a população nesta sexta-feira (23) a não participar da Guerra da Ucrânia, afirmando que isso seria contrário aos princípios do islamismo. A diretriz foi dada depois que a Rússia ofereceu conceder cidadania facilitada aos homens do Uzbequistão que se alistarem no Exército de Moscou.
Sem fazer menção direta à Rússia, o Conselho Muçulmano uzbeque alegou que membros de "organizações terroristas" estariam recrutando muçulmanos para lutar na Ucrânia sob o pretexto de uma jihad, ou guerra santa. As autoridades esclareceram, então, que os muçulmanos estão proibidos de participar de qualquer ação militar que não seja em defesa de sua pátria. Além da determinação religiosa, foi anunciado nesta semana que os cidadãos podem ser criminalmente processados caso participem de combates em outros países.
Para viabilizar a mobilização parcial anunciada por Vladimir Putin na quarta-feira (21), o Parlamento russo aprovou uma lei que oferece cidadania facilitada a estrangeiros que entrarem para as Forças Armadas, o que deve aumentar a participação de soldados de fora da Rússia na Guerra da Ucrânia. Milhares viajam regularmente do Uzbequistão à Rússia para trabalhar e levar dinheiro à família - alguns com empregos clandestinos sob risco de deportação. Com 35 milhões de habitantes, o país é o terceiro mais populoso dentre as ex-repúblicas soviéticas, e muitos de seus cidadãos são fluentes em russo.