Jornalista da CNN diz ter cancelado entrevista com presidente do Irã após exigência de véu

Irã tem protastos contra a obrigatoriedade do uso do véu islâmico e em repúdio à morte da jovem Mahsa Amini

Por Folhapress

Christiane Amanpour disse que assessor do presidente Ebrahim Raisi pediu que ela usasse o acessório em sinal de respeito
Os protestos no Irã contra a obrigatoriedade do uso do véu islâmico e em repúdio à morte da jovem Mahsa Amini, ignorados pelo presidente do país durante seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, apareceram às margens do evento em Nova York.
A jornalista britânico-iraniana Christiane Amanpour, âncora-chefe de internacional da rede CNN, relatou em uma rede social que não pôde entrevistar o líder do país após se recusar a atender a um pedido para usar o véu durante a conversa. Amanpour afirmou que, 40 minutos após o horário previsto para a entrevista na noite de quarta (21), um assessor do presidente Ebrahim Raisi apareceu e pediu que ela usasse o acessório em sinal de respeito. "Educadamente recusei", seguiu a repórter. "Estamos em Nova York, onde não há nenhuma lei ou tradição sobre o uso do véu; também pontuei que nenhum outro presidente iraniano exigiu que eu usasse o acessório em entrevistas prévias."
O assessor, disse ela, afirmou que a conversa não poderia ocorrer caso não usasse o véu e chegou a mencionar a "situação no Irã", o que Amanpour associa às
Mahsa Amini morreu aos 22 anos sob custódia da polícia do Irã após ser detida por supostamente desrespeitar as regras do uso do hijab. Sua família contesta a versão policial, segundo a qual a jovem morreu de insuficiência cardíaca súbita.