Rússia se mobiliza para anexar quatro regiões ocupadas na Ucrânia

Países ocidentais que continuam enviando armas para a Ucrânia reagiram indignados ao anúncio de Moscou

Por Agência Estado

A photograph shows the side fence of the bridge over the Oskil river is painted in Russian flag color in Kupiansk, Kharkiv region, on September 19, 2022, amid the russian invasion of Ukraine. - In the northeastern town of Kupiansk, which was recaptured by Ukrainian forces, clashes continued with the Russian army entrenched on the eastern side of the Oskil river. (Photo by Yasuyoshi CHIBA / AFP)
Autoridades nas áreas ocupadas pela Rússia na Ucrânia anunciaram planos para anexar quatro regiões no leste e no sul, enquanto o Kremlin atua para abrir caminho para uma mobilização mais ampla no momento que se vê cada vez mais pressionado a dar uma resposta firme para conter a ofensiva de Kiev.
As partes controladas pela Rússia das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhzhia devem ter três dias de votação sobre se unir à Rússia a partir desta sexta-feira (23), no mais recente esforço de Moscou para consolidar território capturado meses atrás, mas agora em risco de ser retomado por forças ucranianas.
A Câmara Baixa do Parlamento russo aprovou também uma legislação que pode ajudar a lidar com a falta de soldados no campo de batalha, o que gera temores de que possa ser anunciada uma mobilização em larga escala nos próximos dias.
As medidas ocorrem após a Ucrânia lançar uma ofensiva para retomar terra no nordeste do país neste mês, impondo uma derrota a Moscou e libertando cerca de 10% do território capturado pela Rússia desde o início da invasão. O avanço impulsiona Kiev e deixa o presidente russo, Vladimir Putin, mais pressionado dentro e fora de seu país. Em vez de admitir que a guerra não vai bem em todas as frentes, porém, Putin prepara uma resposta firme, segundo analistas.
O tema foi pauta da Assembleia-Geral das Nações Unidas e os países ocidentais que continuam enviando armas para a Ucrânia reagiram indignados ao anúncio de Moscou de organizar referendos. Os Estados Unidos garantiram que "nunca reconhecerão" as anexações russas de território ucraniano, enquanto o chanceler alemão, Olaf Scholz, referiu-se a estes projetos como uma "farsa". Para o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, trata-se de uma "escalada" e, para o presidente francês, Emmanuel Macron, uma "paródia".
Já outros presidentes - como o brasileiro Jair Bolsonaro e o turco Recep Tayyip Erdogan - são a favor de se sentar à mesa para negociar uma saída "digna". "Juntos, devemos encontrar uma solução diplomática razoável que ofereça às duas partes uma saída digna da crise", defendeu Erdogan, que conseguiu manter relações com Moscou e Kiev desde o início do conflito e se ofereceu para mediá-lo.
Nesta quarta-feira (21), o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, intervirá por vídeo, graças à autorização especial votada na semana passada pelos Estados-Membros. E, na quinta, está prevista uma reunião em nível ministerial do Conselho de Segurança.