Uma fonte do governo argentino afirmou ao Clarín que Cristina não percebeu, na hora, que o homem havia tentado atirar contra ela. No momento da tentativa de disparo, ela abaixou para pegar um exemplar de sua biografia que alguém havia pedido para que ela autografasse e tinha caído na rua. Só depois, segundo a fonte, ela entendeu o que aconteceu. No vídeo, é possível ver ela apanhando um livro no chão.
Segundo o funcionário do governo, Cristina está calma, em sua casa, acompanhada do filho Máximo Kirchner e por dois secretários particulares. Ela já conversou com o presidente Alberto Fernández e com vários integrantes do governo, incluindo o ministro da Economia, Sergio Massa.
O caso vai ser investigado pela juíza María Eugenia Capuchetti e pelo Ministério Público. Minutos depois do incidente, a polícia federal argentina formou um cordão policial ao redor da residência.
Outros incidentes
Ainda de acordo com o Clarín, na quarta-feira, Cristina Kirchner já havia sido hostilizada no mesmo local por um entregador, que a insultou na frente dos militantes ao passar diante da residência. Ele foi preso pela Polícia Federal instantes depois.
As tensões na Argentina cresceram desde o pedido da Promotoria da Argentina de 12 anos de prisão contra a atual vice-presidente por acusações de corrupção, no dia 23 deste mês. Apoiadores fazem uma vigília na frente da residência de Kirchner para demonstrar apoio à mandatária, organizada após alguns opositores da líder peronista terem se dirigido a seu apartamento para protestar.
Ao sair do apartamento todos os dias antes de ir despachar no Senado (na Argentina, o vice-presidente comanda a Casa), Cristina saúda todos os dias seus aliados que ali a esperam. Ela repete o gesto à noite, quando retorna.
A vice-presidente é acusada, juntamente com outras 12 pessoas, de supostamente ter orientado enquanto era presidente da República a atribuição de licitações de obras públicas na Província de Santa Cruz, seu berço político, em favor do empresário Lázaro Báez, contra quem os promotores também pediram 12 anos de prisão e apreensão de seus bens. Os pedidos de sentença variaram de 2 a 12 anos de prisão. A pena máxima para esses crimes é de 16 anos.
Kirchner afirma que as acusações contra ela se tratam de perseguição judicial e acusa a promotoria e os juízes de atuarem juntos e ferirem os direitos de defesa.