China anuncia exercícios militares após visita de Pelosi a Taiwan

Viagem de Pelosi abriu a mais grave crise em anos entre as duas maiores economias do mundo em meio à tensão mundial provocada pela Guerra da Ucrânia

Por Agências

This handout picture taken and released by Taiwan’s Ministry of Foreign Affairs (MOFA) on August 2, 2022 shows Speaker of the US House of Representatives Nancy Pelosi posing with her delegation upon their arrival at Sungshan Airport in Taipei. (Photo by Handout / Taiwan's Ministry of Foreign Affairs (MOFA) / AFP) / -----EDITORS NOTE --- RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / Ministry of Foreign Affairs" - NO MARKETING - NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS Caption
A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, seguiu em frente com seu desafio à China e desembarcou em Taiwan para a primeira visita do tipo em 25 anos nesta terça-feira (2). Em resposta, a China anunciou a realização de exercícios militares entre quinta-feira (4) e domingo (7), em múltiplas localidades nas águas no entorno de Taiwan. "A visita de nossa delegação congressual honra o comprometimento inabalável dos EUA com o apoio à vibrante democracia de Taiwan", disse Pelosi ao desembarcar.
A visita de Pelosi abriu a mais grave crise em anos entre as duas maiores economias do mundo em meio à tensão mundial provocada pela Guerra da Ucrânia, na qual Pequim apoia a Rússia de Vladimir Putin. Na segunda-feira, a democrata começou a viagem pela à Ásia, onde chegou a Cingapura antes de rumar para a Malásia. Suas duas próximas paradas oficiais são Japão e Coreia do Sul, mas o desvio para Taiwan já era especulado desde a semana passada.
A viagem enfureceu a China, que considera a ilha uma província rebelde desde que um regime autônomo capitalista foi lá formado pelos derrotados na revolução que levou os comunistas a estabelecer sua ditadura em 1949. "Em face ao desprezo irresponsável dos EUA às representações repetidas e sérias da China, qualquer contramedida tomada pelo lado chinês será necessária e justificada", afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Hua Chunying. Para ela, os norte-americanos "irão pagar" pela visita.
A China vê quaisquer gestos políticos em favor de Taipei como um apoio ao ideal independentista na ilha. Em 1997, na última vez que alguém com o cargo de Pelosi esteve em Taiwan, no caso o republicano Newt Gingrich, os chineses tiveram de engolir a desfeita.
Segundo o ministro de Relações Exteriores da China, Wang Yi, a viagem desafia a soberania chinesa e mina "ainda mais" a credibilidade nacional norte-americana. "Alguns políticos nos EUA só se preocupam com seus próprios interesses, brincam abertamente com a questão de Taiwan e se tornam inimigos dos 1,4 bilhão de chineses, o que nunca terminará bem", alertou Wang, em comentários a repórteres após evento com outros ministros de Relações Exteriores. O ministro acusou os EUA de desrespeitarem o princípio de "China única", e desta forma, causar problemas no Estreito de Taiwan.
As Forças Armadas de Taipei, por sua vez, entraram em alerta máximo nesta terça. Em seu site, informaram estar prontas para quaisquer ações de Pequim - a expectativa é de que seja lançada uma grande incursão aérea para testar suas defesas. O Comando Militar Leste do país informou que haverá "ações militares direcionadas" devido à visita.