Apreensão de imigrantes brasileiros nos EUA volta a crescer na fronteira com o México

Total de apreensões em maio, 5.118, foi quase quatro vezes maior do que o de março, 1.346

Por Folhapress

Migrants are apprehended by US Border Patrol and National Guard troops in Eagle Pass, Texas, near the border with Mexico on June 30, 2022. Every year, tens of thousands of migrants fleeing violence or poverty in Central and South America attempt to cross the border into the United States in pursuit of the American dream. Many never make it. On June 27, around 53 migrants were found dead in and around a truck abandoned in sweltering heat near the Texas city of San Antonio, in one of the worst disasters on the illegal migrant trail. CHANDAN KHANNA / AFP
A cada dia de maio, em média, 165 brasileiros foram barrados ao tentar entrar nos EUA de modo irregular, via México, mantendo uma tendência de alta que ganha força desde março. O total de apreensões no mês, 5.118, foi quase quatro vezes maior do que o de março (1.346), mas abaixo dos 10.471 registrados em setembro do ano passado, segundo o Departamento de Controle de Fronteiras (CBP).
"A justificativa que a gente mais escuta nas entrevistas com imigrantes brasileiros que chegam aos EUA é a economia brasileira, devido à alta da inflação e à estagnação dos salários", afirma Gabrielle Oliveira, professora na Universidade Harvard e pesquisadora de imigração. "Muitos deles dizem não ver perspectiva de melhora no Brasil, independentemente de quem for eleito presidente em outubro."
O aumento de brasileiros detidos é parte de um recorde de imigrantes que tentam entrar nos EUA. O total de barrados na fronteira tem ficado acima de 200 mil por mês desde março. Em maio, atingiu 239 mil, a maior cifra mensal já registrada - o dobro do que se via em 2021. Essa alta tem várias razões: se muitos países da América Latina enfrentam crises econômicas, os EUA têm vagas de trabalho sobrando; outro ponto é a percepção de que Joe Biden seria mais tolerante com a imigração do que Donald Trump.
Para Oliveira, o caso divulgado na segunda (27),
Se as autoridades de imigração aceitarem abrir um processo de análise de asilo, os estrangeiros podem ficar nos EUA enquanto aguardam a resposta, que leva em média entre seis a oito anos para ser dada. No período de espera, os imigrantes podem pedir autorização de trabalho depois de alguns meses e, assim, começarem a se estabelecer no país enquanto aguardam a resposta final.
Uma medida debatida pela gestão Biden é acelerar o trâmite dos processos de asilo, de modo a dar a resposta em menos de um ano. Assim, haveria chances menores de o requerente permanecer por anos no país, o que desestimularia migrações de quem não se encaixa nas categorias de asilo. No entanto, especialistas apontam que o debate dessas medidas pode ser gatilho para estimular a migração, por medo de que alterações nas regras tornem o processo mais difícil no futuro.