No Congresso dos EUA, papa pede equilíbrio no combate ao extremismo

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O papa Francisco pediu nesta quinta-feira (24) um "equilíbrio delicado" no combate ao extremismo para garantir que as liberdades fundamentais não sejam esmagadas ao mesmo tempo. Ao se tornar o primeiro pontífice a discursar perante o Congresso americano, Francisco afirmou que "nenhuma religião é imune a formas de ilusão individual ou extremismo ideológico". 

Para o papa, as liberdades religiosa, intelectual e individual devem ser salvaguardadas enquanto se combate a violência perpetrada em nome da religião. 

Em seu pronunciamento, o papa expressou preocupações com o assassinato de cristãos e de outras minorias religiosas no Oriente Médio nas mãos de extremistas islâmicos, indicando temer que a presença cristã na região esteja em risco. 

Francisco abriu seu pronunciamento descrevendo a si mesmo como um "filho desse grande continente" que está unido em um propósito comum com os EUA. O discurso foi feito um dia depois de seu encontro com o presidente Barack Obama na Casa Branca. 

Na tarde desta quinta-feira, o papa viajará para Nova Iorque, onde pronunciará um discurso na Assembleia Geral da ONU e presidirá uma cerimônia ecumênica no World Trade Center. 

Na véspera, Obama e Francisco demonstraram um discurso afinado sobre os desafios mundiais como a imigração e a mudança climática, durante o início da visita do popular pontífice aos EUA, aclamado nas ruas de Washington. 

O jesuíta argentino de 78 anos começou sua visita sob o lema da defesa dos excluídos e daqueles que são forçados a emigrar, mas também insistiu em continuar o combate à pedofilia. 

"Como filho de uma família de imigrantes, me alegra estar neste país, que foi construído em grande parte por tais famílias", afirmou o papa em um inglês fluente, mas com sotaque, referindo-se à polêmica política de migração latina nos EUA. 

Sob um céu azul e claro na fresca manhã da capital americana, diante de mais de 10.000 pessoas nos jardins da Casa Branca, Obama elogiou a "mensagem de amor e esperança" do pontífice, fonte de inspiração para "muitas pessoas" no mundo. 

O presidente também elogiou a "humildade" e "simplicidade" do jesuíta, assim como a "gentileza de suas palavras". 

A menos de 500 dias para o fim do segundo mandato de Obama, o governante conta com o apoio do papa em dois temas prioritários: Cuba e a mudança climática. O presidente agradeceu a Francisco seu "apoio inestimável" na histórica aproximação iniciada em 2014 entre Havana e Washington, destacando que ele levava "uma vida melhor para os cubanos". 

Sobre a luta contra a mudança climática, prioridade do governo de Obama, o pontífice insistiu em um combate "que não se pode deixar para a próxima geração". E comemorou o plano da Casa Branca para reduzir a contaminação ambiental.