‘Farei tudo para fechar Guantánamo’

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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse ontem, em entrevista à rede CNN, que fará “tudo o que puder” para fechar a prisão militar norte-americana na Baía de Guantánamo, em Cuba, que abriga presos acusados de terrorismo. Segundo Obama, a manutenção do complexo custa ao governo “milhões de dólares por preso” e, além de prejudicar a imagem do país no exterior, serve de “estímulo para jihadistas” e opositores dos EUA.
“Guantánamo é contrária aos nossos valores e é muito cara. Nós estamos gastando milhões para cada indivíduo lá. Por isso, temos reduzido a população ali significativamente”, disse.
Neste mês, dez pessoas foram libertadas da prisão. Com as transferências, incluindo a de seis presos para o Uruguai no início deste mês e outros quatro para o Afeganistão, no sábado, a população de detentos foi reduzida a 132 pessoas. Destas, 63 são avaliadas pelo governo como “libertáveis”, e 15 como de “alta periculosidade” – entre elas o suposto autor intelectual dos atentados do 11 de Setembro, Jalid Sheij Mohamed.
A transferência dos presos foi vista com um passo em direção à desativação da prisão, promessa de campanha de Obama há seis anos. Quando concorreu à presidência dos EUA pela primeira vez, ele disse que a cadeia deveria ser fechada, mas não foi capaz de fazê-lo, em parte por causa dos obstáculos colocados pelo Congresso norte-americano.
Obama ainda disse que seu plano de normalizar relações com Cuba dá à Casa Branca a oportunidade de influenciar o desenrolar dos eventos no país, em um importante momento de mudanças na ilha comunista. Ele também refutou críticos que o acusaram de estar se curvando a ditadores.
Segundo Obama, as tentativas de derrubar o governo dos irmãos Fidel e Raúl Castro (ex-presidente e atual, respectivamente) por meio de isolamento não deram resultado nos últimos 50 anos. Ainda na entrevista, o governante disse que a Casa Branca estuda a possibilidade de retirar Cuba da lista de nações que, segundo Washington, patrocinam o terrorismo, uma vez que o status atual de Havana dificulta a aproximação dos dois países.
A decisão anunciada na semana passada por Obama de resgatar relações diplomáticas com Cuba gerou elogios de opositores de longa data da dura postura dos EUA em relação a Havana. No entanto, o gesto também atraiu críticas, tanto de congressistas democratas e republicanos, que alegam que a Casa Branca não obteve nenhum compromisso de Cuba antes de começar a relaxar as penalidades e restrições em vigor.