Milhares de pessoas fogem de Gaza

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Milhares de moradores da Faixa de Gaza fugiram de suas casas ontem diante dos bombardeios e das ameaças israelenses de intensificar a ofensiva contra o movimento islamita Hamas na região. Panfletos foram lançados sobre o Norte do território palestino pela aviação de Israel, pedindo aos civis que se refugiassem no Sul de Gaza. 

De carro, em burros, carretas puxadas por cavalos ou a pé, os refugiados abandonam a região com alguns pertences. Eles buscam abrigo em instalações administradas pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos, a UNRWA. A infraestrutura, porém, já não é suficiente para receber os cerca de quatro mil palestinos que buscam asilo. 

“As 28 escolas da UNRWA estão completas, e quase não temos lugar para acolher tanta gente. Nem comida nem instalações suficientes”, explicou Akif Shalif, diretor da escola Rimal, no Centro da Faixa de Gaza. Os palestinos com passaportes de outros países foram autorizados pelas autoridades israelenses a deixar a área.

Sábado foi o dia mais violento na região. “Foram tantos bombardeios que ninguém conseguiu dormir, era assustador”, conta Farid, um refugiado, sobre as operações que deixaram pelo menos 56 mortos – foi o dia mais violento da campanha militar. 

Apesar dos apelos internacionais por um cessar-fogo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não parece disposto a acabar com a ofensiva. “Vamos continuar atuando com sangue frio, firmeza e responsabilidade para alcançar nosso objetivo, que é restabelecer a calma por um longo período, atacando o Hamas e as demais organizações terroristas”, ressaltou Netanyahu. “Não sabemos quando terminará a operação, pode levar muito tempo”, advertiu. 

Desde terça-feira, o Hamas lançou mais de 800 foguetes contra o território israelense, que deixaram dez feridos, mas não provocaram vítimas fatais. Ontem, a defesa antiaérea de Israel destruiu dois foguetes disparados a partir de Gaza antes da queda em Tel Aviv, segundo o Exército. A grave situação da Faixa de Gaza soma ao menos 166 mortos e outras centenas de feridos – a maioria civis.