Filme sobre Maomé desencadeia série de protestos no mundo árabe

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Pelo menos uma pessoa morreu e outras 20 ficaram feridas nesta quinta-feira nos enfrentamentos entre manifestantes e a polícia nas imediações da embaixada dos Estados Unidos em Sanaa, capital do Iêmen. Diversos ataques e protestos foram feitos às representações diplomáticas norte-americanas em países como Tunísia, Egito e Líbia, em repúdio a um filme sobre o profeta Maomé produzido nos EUA, considerado ofensivo pelos muçulmanos.
No Iêmen, as vítimas sofreram ferimentos de bala e estilhaços. Cerca de três mil manifestantes entraram em confronto com as forças de segurança nos arredores da embaixada. Chegou a 224 o número de feridos nos confrontos no Cairo, capital do Egito.
Ainda foram registrados protestos na Faixa de Gaza e na Líbia, e convocadas manifestações em Israel, em frente à representação norte-americana em Tel Aviv, sob a justificativa de que Washington patrocina pessoas que ofendem o Islã. A polícia da Tunísia dispersou uma manifestação em Túnis. Também foram feitos atos na embaixada da Suíça no Irã.
O governo norte-americano identificou o diretor de “A inocência dos muçulmanos” como sendo Basseley Nakoula. O filme resultou na morte do embaixador dos EUA na Líbia, Christopher Stevens. Inicialmente, um suposto israelense-americano chamado Sam Bacile assumiu a responsabilidade pela película. Mas crescentes evidências mostram que ele não existe. O verdadeiro autor deve ser Nakoula, que havia dito para a Associated Press que apenas trabalhava na parte logística da companhia que produziu o polêmico filme.
A própria secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, assistiu à película e disse considerá-la “repugnante e repreensível”. Segundo a chanceler, trata-se de um tentativa pejorativa de ofender pessoas por causa de suas crenças religiosas. Apesar das críticas, Hillary afirmou que o governo norte-americano não interferirá na liberdade de expressão de seus cidadãos, por mais duvidoso que seja o gosto das opiniões retratadas. Ainda segundo ela, o filme não pode ser usado como justificativa para episódios de violência ou para ataques a representações diplomáticas.
Um grupo argelino autointitulado “Eu amo Maomé” convocou para esta sexta-feira, por meio do Facebook, uma manifestação em frente à embaixada dos EUA em Argel. Sob o lema “Campanha contra a difamação do profeta”, o grupo marcou um protesto para após a oração do meio-dia. Mais de mil e quinhentas pessoas disseram por meio da rede social que participariam da manifestação.