Governo eleva a mais de 800 o número de mortos

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Pelo menos 846 egípcios foram mortos nos levantes populares de três semanas que levaram à queda do presidente Hosni Mubarak, em fevereiro deste ano, anunciou nesta terça-feira uma comissão investigadora do governo do Egito. No relatório, o painel de juízes e promotores descreveu como policiais atiraram na cabeça e no peito dos manifestantes com munição. O relatório apresenta um número de baixas que é mais do que o dobro do apresentado pela contagem oficial anterior, a qual afirmava que 365 pessoas foram mortas.
"Os ferimentos mortais ocorreram porque foram disparados tiros com munição de verdade na cabeça e no peito dos manifestantes", constatou o relatório, acrescentando que "um enorme número de pessoas com ferimentos nos olhos" foram hospitalizadas, devido a balas de borracha, das quais centenas perderam os olhos e ficaram cegas.
O relatório também culpa Mubarak, que governou o Egito como autocrata entre 1981 e 2011, como responsável pelas mortes e mutilações. Foi o ex-mandatário, agora com 82 anos, quem deu a ordem ao ministro do Interior, Habib el-Adly, para que a polícia abrisse fogo contra os manifestantes. A comissão baseou o relatório em depoimentos de funcionários públicos, manifestantes e testemunhas, bem como em reportagens de jornais e fotografias obtidas de indivíduos que participaram dos protestos.
Mubarak foi forçado a renunciar em 11 de fevereiro, em meio a enormes manifestações contra o seu regime, considerado decadente e corrupto. Ele foi substituído por uma junta militar, a qual realizou um referendo que estabeleceu eleições para o segundo semestre deste ano. Entre as reclamações dos manifestantes, estavam a corrupção que envolvia quase todo o governo, a burocracia e quase todos os estratos da sociedade egípcia.