Presidente da Costa do Marfim rejeita deixar o cargo

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O homem forte da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, recebeu um ultimato ontem de três presidentes da África ocidental que foram a Abidjã para dizer a ele que, caso não deixe o cargo de presidente, pode ser alvo de uma ação militar. No entanto, Gbagbo rejeitou a hipótese de deixar o poder.
Os líderes de Benin, Cabo Verde e Serra Leoa levaram uma mensagem da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Ecowas, pela sigla em inglês) de que Gbagbo deve deixar o poder ou o grupo pode usar a força para resolver a crise política na Costa do Marfim. O governo de Gbagbo havia dito inicialmente que receberia os emissários “como irmãos e amigos e escutaria a mensagem que vieram entregar”, mas acabou rechaçando a proposta alegando que “não toleraria a interferência de outros países em assuntos internos”.
Os presidentes Boni Yayi, do Benin, e Ernest Koroma, de Serra Leoa, chegaram primeiro e algumas horas depois receberam a companhia de Pedro Pires, de Cabo Verde, no aeroporto de Abidjã antes de se encontrarem em conversações separadas com Gbagbo e seu rival Alassane Ouattara, reconhecido pela comunidade internacional como o homem eleito para a presidência marfinense.
Os três não estão entre os maiores críticos de Gbagbo na Ecowas, mas foram armados com uma resolução, que exigia que ele entregasse o poder para Ouattara, assinada por líderes mais poderosos, como o presidente do bloco e também da Nigéria, Goodluck Jonathan.
Segundo alguns jornais, a insistência do governo do atual presidente sobre a vitória nas eleições e a afirmação de que ele tem o apoio da Constituição marfinense para tal indicavam que Gbagbo não cederia ao ultimato para renunciar.
Os resultados provisórios da eleição do dia 29 de novembro no maior produtor de cacau do mundo mostraram a vitória de Quattara por oito pontos percentuais. Mas o principal tribunal do país, comandado por um aliado de Gbagbo, reverteu o resultado sob alegação de fraude.
Os Estados Unidos e a União Europeia impuseram uma proibição de viagem a Gbagbo e às pessoas próximas a ele, enquanto o Banco Mundial e o Banco Central da África Ocidental congelaram suas finanças numa tentativa de reduzir sua força no poder.