O Brasil fechou o ano de 2023 com uma cobertura vacinal em baixa para Covid-19, em torno de 15,9% para bivalente e 14,8% para as 4 doses monovalentes, seguido de 51% para a terceira. Os dados estão abaixo da meta colocada pelo Ministério da Saúde, esta, de 90%. Todos os três níveis administrativos - federal, estadual e municipal -, citam a disseminação de notícias falsas como o principal fator para adesão vacinal abaixo do esperado. Neste ano, o governo apostou no microplanejamento para adaptar a estratégia vacinal à cenários específicos no País.
O Brasil fechou o ano de 2023 com uma cobertura vacinal em baixa para Covid-19, em torno de 15,9% para bivalente e 14,8% para as 4 doses monovalentes, seguido de 51% para a terceira. Os dados estão abaixo da meta colocada pelo Ministério da Saúde, esta, de 90%. Todos os três níveis administrativos - federal, estadual e municipal -, citam a disseminação de notícias falsas como o principal fator para adesão vacinal abaixo do esperado. Neste ano, o governo apostou no microplanejamento para adaptar a estratégia vacinal à cenários específicos no País.
Em nível estadual, o Rio Grande do Sul fechou o ano com 17,4% para as 4 doses monovalentes, 54,6% para a terceira, e cerca de 16% para bivalente, de acordo com dados do Painel de Cobertura Vacinal COVID-19 do Ministério da Saúde. A cidade de Porto Alegre tem uma cobertura maior, com 22,6% para a última dose monovalente, 66,9% para a terceira e 27,19% para o reforço bivalente.
No último ano, houve um aumento de casos de Covid-19. Situação que, segundo o Epidemiologista da Ufrgs, Paulo Petry, pode se repetir nessa virada de ano para 2024.
Ele explica que os vírus respiratórios são normalmente sazonais, pela baixa resistência ao calor, mas não quando se trata do SARS-CoV-2, causador da Covid-19, que deve aumentar a circulação com as festas de fim de ano. “O vírus da Covid mostrou que é muito mais sensível a aglomerações do que com clima”, explica.
Segundo o Petry, depois de certo tempo após confraternizações, há repercussão nos números de internações e óbitos, situação preocupante especialmente em função da baixa adesão essa última leva de vacina.
Ainda, para Roberta Lenhardt, chefe da divisão de vigilância epidemiológica em saúde do Estado, isso acontece porque a Covid está altamente relacionada ao comportamento humano. Ela recomenda que, por isso, é muito importante que idosos acima de 60 anos ou pessoas imunossuprimidas procurem receber a segunda dose de reforço da vacina bivalente.
“Pessoas de maior risco, idosos e pessoas com seu sistema imune comprometido, ficam expostas, especialmente as que não fizeram o ciclo vacinal completo”, complementa Petry.
Segundo Roberta, para ter o esquema vacinal completo, deve-se tomar, pelo menos, uma dose de bivalente, para pessoas acima de 18 anos, e reforço com a segunda bivalente, para pessoas acima de 60 anos ou com mais de 12, se imunocomprometidas. O Ministério da Saúde ainda reitera a importância da imunização por meio dessa vacina por proteger também contra a variante Ômicron. Atualmente, a cobertura vacinal bivalente chega a cerca de 10%, entre 18 a 24 anos.
Mesmo para jovens e pessoas fora do grupo de risco, embora não haja tanto risco de agravamento, se o indivíduo, com o status vacinal incompleto, vier a desenvolver a doença, ainda há risco de mutação do vírus. Segundo Roberta, o ideal para evitar isso é diminuir a circulação do vírus, a partir de um grande número de vacinados.
Confira, abaixo, de forma interativa, os dados de cobertura vacinal das vacinas bivalentes no País:
O Ministério informa que, dentre os dados levantados, foram ministrados cerca de 5,1 milhões de doses que ainda não estão na Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), por problemas de CPF ou Cartão Nacional de Saúde do indivíduo.
COVID
Diferentemente dessas vacinas, a cobertura vacinal de Covid-19 teve uma redução drástica. No caso das monovalentes, que envolvem até quatro doses, foram aplicadas 162 mil doses em 2022, e apenas 14 mil neste ano. Já a bivalente começou a ser aplicada somente neste ano, com um total de 31 mil doses.
O epidemiologista Paulo Petry considera essa diferença fruto da diminuição dos números da Covid-19 após a liberação das vacinas no Brasil, juntamente à percepção de risco da população em geral. "Não é mais aquela doença que assusta. Especialmente entre os vacinados, ela tem sido mais leve", explicou. Petry também aponta o “desdém inicial de grupos políticos” como um dos motivos que prejudicaram a cobertura vacinal. Porém, deixa um alerta. “As pessoas negligenciam porque parece que não vai mais acontecer, mas tem acontecido. Felizmente, entre os vacinados, de uma forma já mais branda.”