{{channel}}
Plataforma marítima de Atlântida, no Litoral Norte, desaba neste domingo
Estrutura estava comprometida há pelo menos dois anos, segundo a prefeitura de Xangri-lá
Comprometida há pelo menos dois anos, parte da plataforma marítima de Atlântida, em Xangri-Lá, cedeu na madrugada deste domingo (15). Com o rompimento da estrutura, o restaurante da plataforma, que estava fechado há cerca de um ano, caiu no mar e ficou totalmente destruído. Não houve feridos, pois o local estava interditado desde a última quinta-feira (12). "Agora, será necessário que uma equipe técnica avalie o que é possível fazer ali, mas o fato é que nunca houve manutenção adequada deste que é o principal ponto turístico e cultural do Litoral Norte", afirma o prefeito da cidade, Celso Bassani Barbosa. Ele destaca que a estrutura da plataforma já estava comprometida há pelo menos dois anos com corrosões, rachaduras e rompimentos nas vigas de suporte.
Barbosa pontua, ainda, que o município vem, desde 2021, buscando assumir a gestão para poder investir nas obras de recuperação do local. "Tenho atas de todas as diversas reuniões feitas junto ao Ministério Público Federal e à Superintendência do Patrimônio da União, com a presença de representantes da administração municipal e da Associação dos Usuários da Plataforma Marítima da Atlântida (Asuplama), que atualmente é responsável pela gestão da estrutura", sinaliza Barbosa.
Utilizada, segundo o prefeito, apenas pelos poucos associados e por pessoas que pagam ingresso, a plataforma marítima de Atlântida foi construída há 52 anos pelo fundador da Atlântida S.A. Balneários, Antônio Casaccia - responsável também pelo primeiro loteamento, que deu início à ocupação daquela praia.
Segundo informações do empresário Solon Soares, genro de Casaccia, durante os primeiros anos o local contou com manutenção, incluindo o uso de instalação elétrica de proteção catódica. "Quando a administração da plataforma foi entregue para a Asuplama, em 1984, esse equipamento funcionava, mas acabou sendo desligado, pois gerava um custo alto (porém necessário para dar vida útil às estruturas)", recorda.
Na avaliação de Soares, o estresse estrutural da plataforma iniciou antes mesmo da queda de um dos braços da construção, em 1997. "Deste então, o formato da plataforma, que era em T acabou ficando em L. Agora, com a queda do restaurante, o local está desconfigurado. É lamentável que tenha chegado neste estágio", destaca, emendando que o acontecimento da madrugada deste domingo "já era previsto".
"Inclusive, a plataforma estava interditada desde quinta-feira (12)", observa o prefeito de Xangril-lá. Segundo ele, não foi possível o município investir os R$ 2 milhões orçados para reparos na estrutura, porque a negociação junto ao MPF, que havia avançado, estagnou a partir do momento em que a Asuplama recuou da decisão de passar a responsabilidade de manutenção para o poder público.
Alegando que o município pretendia recuperar as estruturas enferrujadas e corroídas da plataforma, e transformar o local em um ponto turístico e com entrada gratuita para qualquer pessoa, Barbosa lamenta que a associação - cujos membros são veranistas que costumam pescar por diversão - não tenha demonstrado interesse. "Infelizmente, estamos de mãos atadas, até que ocorra a próxima reunião no MPF."
Com a queda do restaurante da plataforma, moradores passaram a criticar não somente a gestão oficial da estrutura, mas também o poder público. "Se há uma queda de braço, não sei. Mas ambos têm responsabilidades, pois todos estes anos nada foi feito para evitar que a estrutura se rompesse", opina o técnico ambiental e presidente Associação dos Moradores de Xangri-lá, Roberto Estigarribia. Também um grupo de surfistas que costuma utilizar a plataforma se mobilizou para protestar contra o ocorrido. Uma manifestação em frente ao local, organizada pelo fotógrafo David Castro, será realizada neste domingo, a partir das 15h.
Até o momento da publicação desta matéria, o Jornal do Comércio não havia conseguido contato com a a Associação dos Usuários da Plataforma Marítima da Atlântida.