Simulação da escolta de órgãos é realizada em Porto Alegre

Batedores da EPTC realizaram o trajeto do aeroporto Salgado Filho até o hospital Dom Vicente Scherer em 12 minutos

Por Cláudio Isaías

Atividade feita no Hospital Dom Vicente Scherer faz parte da Semana Nacional do Trânsito que encerra no dia 25 de setembro
Como parte da Semana Nacional do Trânsito, Porto Alegre realizou nesta quinta-feira (21) uma simulação de escolta de órgãos para o hospital Dom Vicente Scherer, no Complexo da Santa Casa de Misericórdia. A iniciativa mobilizou oito batedores e uma viatura da Coordenação Operações Especiais (COE) da Empresa Pública de Transportes e Circulação (EPTC).
A solicitação de escolta do rim foi realizada pela Central de Transplantes do Rio Grande do Sul. O órgão foi transportado do Aeroporto Internacional Salgado Filho, na avenida Severo Dullius, até o Dom Vicente Scherer, na avenida Independência em aproximadamente 12 minutos. Prevista pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a Semana Nacional de Trânsito acontece, anualmente, entre os dias 18 e 25 de setembro. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran), responsável pela atividade, definiu como tema "No trânsito, escolha a vida!".

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O médico cirurgião Fabian Silva Pires, que estava acompanhado do colega Lucas Nascimento dos Santos, ambos profissionais do Dom Vicente Scherer, disse que a escolta é muito importante porque os órgãos tem um tempo principalmente o pulmão e o coração. "Todos os momentos são importantes desde o deslocamento no trânsito até a chegada no hospital. Não podemos perder tempo", ressalta. Segundo o diretor-presidente da EPTC, Pedro Bisch Neto, a empresa entrou no processo para garantir dois momentos importantes no transporte do órgão: fluidez e segurança. "A operação resultou em diversos pontos interrompidos e a cidade abriu espaços para a passagem do comboio", destaca.
Somente neste ano, a empresa realizou 20 escoltas relacionadas ao transporte de órgãos. De acordo com Leandro Barbosa, do COE, uma equipe tomou a frente do comboio para garantir a segurança na circulação do veículo Fiat Toro da Secretaria Estadual da Saúde que trazia o órgão desde o aeroporto Salgado Filho até o hospital Dom Vicente Scherer.
O médico Ricardo Klein, da Central de Transplantes do Rio Grande do Sul, disse que o processo todo é uma corrida contra o tempo. "O coração e o pulmão tem cerca de quatro horas desde a retirada do órgão do corpo do doador até o implante do coração batendo ou do pulmão sendo inflado no corpo do receptor", explica. Segundo Klein, quatro horas é um tempo que não pode ser perdido desde a saída do hospital onde estava o doador até a chegada na instituição de saúde onde está internado o receptor. No Rio Grande do Sul, os transplantes de órgãos são realizados nos hospitais do complexo da Santa Casa de Misericórdia, no Hospital de Clínicas e no Instituto de Cardiologia - no caso de coração.
No Rio Grande do Sul, entre janeiro e agosto de 2023, foram registrados 424 transplantes de órgãos e, até julho deste ano, 795 transplantes de tecidos - córneas, ossos e pele. Os transplantes de rim (306) e de fígado (85) foram os dois tipos com maior número de procedimentos realizados. De janeiro a julho de 2023, a Central Estadual de Transplantes registrou que 441 órgãos foram captados, de 164 doadores efetivos (cada doador pode doar mais de um órgão) para transplantes. O número poderia ser maior, se possíveis doações não fossem negadas pelas famílias de potenciais doadores que apresentam morte encefálica, condição essencial para doação.
Em Porto Alegre, de janeiro a agosto deste ano, o Hospital de Pronto Socorro (HPS) notificou à Central de Transplantes do Rio Grande do Sul sobre 14 doadores de órgãos, com média de três órgãos efetivamente implantados por doador. No mesmo período de 2022, foram 10 doadores. A informação é da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante da instituição. Desde 2002, o setor é responsável por coordenar as ações referentes à doação de órgãos no Pronto Socorro, com a identificação do potencial doador, passando pela entrevista familiar, suporte e acompanhamento. Formada por três médicos, sete enfermeiros, uma assistente social e um psicólogo, a comissão funciona em regime de sobreaviso nas 24 horas do dia - sete dias por semana.