Economia de baixo carbono é tema do Fórum Internacional em Porto Alegre

Evento sobre Mudanças Climáticas da Economia aconteceu no Ministério Público do RS

Por Bárbara Lima

3º Fórum Internacional de Mudanças Climáticas da Economia de Baixo Carbono - Nas fotos: Melissa Castello, professora, pesquisadora e procuradora do estado do Rio Grande do Sul (verde) e Liliani Carfuni, advogada e diretora de meio ambiente e sustentabilidade da CORSAN (branco)
O 3º Fórum Internacional de Mudanças Climáticas da Economia de Baixo Carbono com foco em bioeconomia, promovido pelo Instituto Latino-Americano de Desenvolvimento Econômico Sustentável (Ilades), aconteceu nesta quarta-feira (23), no Ministério Público do Rio Grande do Sul. O evento teve discussões sobre efeito estufa, agricultura de baixo carbono, hidrogênio verde e crédito de carbono. Na ocasião, o Estado apresentou o saldo da participação na COP-27, no Egito. 
O conselheiro adjunto para Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Saúde da Missão dos Estados Unidos no Brasil, David Bargueño, elencou as prioridades para combater as mudanças climáticas e considerou positiva a COP-27.
"Se conseguirmos cumprir todas as agendas acordadas, podemos reduzir o aquecimento global para 1,7°C. Devemos nos orgulhar, embora devamos continuar esperançosos de conseguirmos reduzir para 1,5°C", afirmou. Ele destacou ainda a importância da parceria entre EUA e Brasil e a necessidade de acelerar a transição energética. "Queremos fortalecer nossa parceria para combater a fome, gerar empregos de qualidade e reduzir a poluição. Também vamos aumentar o investimento em energias limpas. Cada décimo que consigamos evitar na temperatura global significa vidas salvas e eventos climáticos drásticos", ponderou David. 
Na direção do que apresentou o conselheiro adjunto, a professora e procuradora do Estado, Melissa Castello, falou sobre o Projeto de Lei 2.148/15, que busca regular o Mercado de Carbono Nacional. No Brasil, conforme explicou, há mecanismos voluntários, mas não uma regulação. "Esse projeto transforma o que é voluntário em obrigação para algumas empresas. As maiores poluidoras terão que pisar no freio porque o governo terá a possibilidade de usar a compensação no mercado. É um avanço para o meio ambiente", enfatizou. E deu o exemplo: "Se eu sou uma empresa que polui 100 quando o teto é poluir 80, eu preciso ou investir em matrizes mais limpas ou terei que comprar 20 créditos de carbono de empresas que não poluem. Esse recurso será destinado para reflorestamento e manutenção de florestas." A procuradora considerou ainda que o PL faria com que o País se comprometesse, de fato, com a redução da emissão de gás carbono e investisse em energia renovável. "Os mecanismos estão aí, falta aprovar e fazer", finalizou.
O secretário da Agricultura, Domingos Lopes, destacou que o Rio Grande do Sul possui 35 cadeias produtivas de carbono neutro e que emite de 30% a 40% menos gás carbono em suas atividades. "Nosso objetivo agora é descarbonizar todas as cadeias produtivas, fazendo com que o Estado se torne uma referência para o restante do Brasil", disse. 
A secretária do Meio Ambiente, Marjorie Kauffmann afirmou que na COP-27, o RS ganhou espaço pelo modelo de agricultura de baixo carbono. "Voltamos com a tarefa de casa de descrever nossos planos de descarbonização setoriais e intensificar as medidas de mitigação das emissões. Além disso, precisamos mostrar que o Brasil não tem só o bioma da Amazônia."
Apesar de concordar com os avanços do Estado na agricultura, o promotor de Justiça e Coordenador do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente (Caoma) do MP-RS, Daniel Martini, criticou a redução de áreas protegidas no RS a partir do novo Código Florestal. "Precisamos de um Programa de Regularização Ambiental, senão não poderemos agir. Precisamos avançar rapidamente nessa situação complexa", refletiu.
De acordo com o presidente do Ilades, o advogado Marcino Fernandes Rodrigues Junior, o evento foi uma "oportunidade de obter conhecimento com experiências bem-sucedidas para o mercado de baixo carbono."
De fato, durante à tarde, apesar de ter um público reduzido, os presentes puderam ouvir sobre a agricultura e as emissões de carbono do Rio Grande do Sul.