Banhistas enfrentam riscos nas praias de Porto Alegre

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No momento, é bem pouco recomendável dar um mergulho em qualquer uma das praias de Porto Alegre. Desde o começo do ano, as praias do Lami e de Belém Novo – as únicas que têm apresentado condições de banho na Capital nos últimos anos, segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) – foram declaradas impróprias para banho. Outras praias que já foram muito frequentadas no verão, como Ipanema, ainda estão longe de serem devolvidas à população. Mesmo assim, muitos banhistas arriscam-se em águas impróprias, o que traz sérios riscos à saúde.
De acordo com Eduardo Sprinz, médico infectologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, a principal ameaça está na contaminação por bactérias como a Eschirichia coli. A ingestão de água contaminada pode causar diarreias e, em pessoas que estejam com a imunidade mais baixa, pode evoluir para quadros mais graves, havendo risco até de infecção generalizada.
Outro perigo para o banhista desavisado está no contato com agentes parasitas, que são transportados para a praia tanto pelo esgoto quanto pelas fezes de animais domésticos, em especial os cães. O risco de contrair enfermidades graves, como leptospirose e hepatite A, “não é prevalente”, de acordo com Sprinz, mas também não pode ser descartado.
Mesmo sem ingestão acidental da água, o simples mergulho em praias consideradas impróprias para banho oferece riscos. Além do risco de contágio por meio de feridas e cortes, o banhista pode desenvolver lesões de pele, como furúnculos e abscessos, devido a substâncias presentes no Guaíba.
A decisão da Smam de vetar o banho nas praias do Lami e de Belém Novo, ambas na zona Sul da cidade, veio após análise de amostras coletadas nas últimas semanas pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). A proibição, de acordo com a Smam, deve-se ao alto índice de chuvas desde dezembro, que transporta maior quantidade de poluentes aos arroios e, a partir deles, ao Guaíba. Pelo menos mais duas semanas serão necessárias até que as duas praias voltem a ser opção para quem quer fugir do calor.
Também localizada na zona Sul, a praia de Ipanema não deve ser liberada para banhistas antes de 2016. Segundo o Dmae, é preciso eliminar a entrada de esgoto em córregos da região, em especial no arroio Capivara. A ideia é que esses resíduos sejam redirecionados à Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) Serraria, principal estrutura do Programa Integrado Socioambiental (Pisa). As obras dependem de liberação de verbas da Caixa Econômica Federal.