Resolução terá que ser cumprida, afirma Simers

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A vice-presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Maria Rita de Assis Brasil, rebateu as afirmações do secretário da Saúde de Porto Alegre, Carlos Henrique Casartelli, que concedeu entrevista ao Jornal do Comércio em matéria publicada nesta quinta-feira. Ele afirmou ser inviável cumprir a nova resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que estabelece duas horas como tempo máximo de espera para uma pessoa ser atendida em urgências e emergências, e que garantir esse prazo é responsabilidade do gestor.
“É claro que um gestor que oferece uma saúde como a que temos aqui, superlotada e com pacientes internados até mesmo no chão, dirá que não é possível cumprir, mas essas resoluções são marcos regulatórios do bom exercício profissional da área da emergência”, afirma Maria Rita. 
Segundo a dirigente, a declaração do secretário é compreensível, em função dos poucos recursos públicos disponíveis para atender à demanda, mas ele terá que dar um jeito de acatar a resolução. Ela tem que ser cumprida. “Que aumentem os investimentos, façam um movimento nesse sentido no município, no Estado. Não tem discussão, a resolução já foi publicada no Diário Oficial e foi construída com uma lógica.”
A justificativa de Casartelli, de que faltam médicos na Capital para cumprir a norma, também foi rebatida. “Esse é um discurso oficial. Temos 400 mil médicos no País, sendo 25 mil no Estado. A questão é que eles não querem trabalhar na rede pública, porque paga pouco”, argumenta Maria Rita.
Para ela, a afirmação do secretário serve como pressão para aumentar a quantidade de cursos de Medicina no Estado. “Fabricando médicos em cursos de baixa qualidade, o governo busca baratear a mão de obra. Mas, com essas faculdades de fundo de quintal, teremos uma divisão entre o médico de posto, que exercerá uma medicina quase que simplesmente sintomática, e o de hospital, capaz de entender a universalidade do corpo humano”, alerta.