Postos da Capital oferecem vacina contra a hepatite A

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Pais e responsáveis por crianças de um a dois anos incompletos, residentes em Porto Alegre, já podem levá-las a qualquer uma das 158 unidades de saúde para receber imunização gratuitamente contra a hepatite A, uma infecção no fígado causada por um vírus. Nesta semana, todos os postos foram abastecidos para atender à demanda da inserção dessa dose no calendário vacinal. A campanha começou na semana passada e tem como meta imunizar ao menos 95% de meninos e meninas dessa faixa etária, o que corresponde a cerca de 140 mil pessoas. O tipo de vacinação é baseado em um modelo argentino.
Aplicando as doses em crianças, a intenção é zerar o número de casos desse tipo de hepatite no Brasil ao longo do tempo, visto que cada pessoa nascida já será imunizada quando completar 12 meses. Os bebês receberão uma dose de 0,5ml, por via intramuscular. A hepatite A não se torna crônica, ao contrário dos tipos B e C.
Segundo o chefe do Serviço de Atendimento Especializado em Hepatites da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Eduardo Emerim, a hepatite A é transmitida por um vírus descoberto em 1973 e é uma das que mais apresenta surtos, pois seu contágio ocorre através da água e de alimentos.
Emerin alerta para a eventual falta de sintomas. “Nem todas as hepatites se manifestam daquela forma clássica, com a coloração amarelada da pele, enjoo e cansaço. Muitas vezes, uma pessoa pode estar com a infecção e não perceber, justamente na fase em que há mais contágio, que é antes dos sintomas”, explica. O período de incubação é de cerca de um mês.
A contaminação ocorre 84% das vezes em pessoas com idades entre um a 19 anos, especialmente em aglomerados urbanos. Em adultos, apesar de haver menos incidência, os sintomas podem estar presentes de maneira agravada, podendo desencadear a chamada “hepatite fulminante”, quando o paciente precisa de transplante urgente de fígado. O percentual de óbito é de 0,3% entre crianças e de 1,8% entre adultos. No Estado, a incidência foi de 1.517 casos em 1999, diminuindo para 557 em 2009.
No sistema particular, quem procura a imunização contra a hepatite A recebe duas doses, com um período de seis meses entre a aplicação de uma e outra. Como não há laboratórios brasileiros que produzam essa vacina, sua compra se torna cara para o sistema público. Por esse motivo, o Ministério da Saúde optou por adquirir apenas uma dose para cada cidadão, nos moldes do que é feito na Argentina. “Uma só porção já é suficiente para que o vírus pare de circular. Entre os argentinos, a taxa de circulação caiu para quase zero”, enfatiza Emerim.
Conforme o chefe do Serviço de Atendimento Especializado em Hepatites, a incidência da doença está absolutamente relacionada às condições sanitárias de um lugar. “Por isso é que a maioria dos casos ocorre em comunidades pobres. É por falta de saneamento básico, higiene, informação. Basta uma pessoa infectada não lavar as mãos e cozinhar para uma creche que já vai transmitir para um monte de gente”, exemplifica.