Desigualdade no mercado de trabalho diminui no Estado

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O Dia da Consciência Negra é comemorado em  20 de novembro. Aproveitando a ocasião, foi divulgado ontem o resultado da Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre, com enfoque na população negra. Os dados, que comparam 2011 com 2012, justificam a celebração, já que, apesar de os números não serem ideais, demonstram que a desigualdade diminuiu nos 22 municípios que compõem a microrregião, num total de 3.717.842 habitantes.
Conforme os gráficos apresentados pela coordenadora da Fundação de Economia e Estatística (FEE), Dulce Helena Vergara, o desemprego teve maior queda entre a população negra, de 5,4%. Em relação à população não negra, houve decréscimo de 4,4%. A variação maior foi para as mulheres negras, caindo 7,6%.
O nível ocupacional cresceu apenas para os negros, subindo 7,9%, enquanto para não negros houve leve queda de 0,2%. A principal atividade é na área de prestação de serviços (mais 11 mil ocupados, ou 9,2%), seguida por construção (mais doismil ocupados, ou 9,5%). Em serviços, as mulheres negras são as que têm a maior participação, sendo 75,6% delas empregadas nesse setor, seguidas por 65,1% das mulheres não negras.
Os rendimentos médios elevaram-se mais para os negros, aumentando de R$ 1.173,00 mensais em 2011 para R$ 1.204,00 em 2012, enquanto a diferença para não negros foi mínima, de R$ 1.703,00 para R$ 1.718,00. Nesse sentido, foi feita uma proporção de rendimento médio real. Se o rendimento do homem não negro foi considerado com o número 100, o da mulher não negra seria 73,7, o do homem negro 68,9 e – o caso mais grave – o da mulher negra seria 53,3, ou seja, pouco mais do que metade do que o do primeiro caso.
Conforme Ana Paula Sperotto, coordenadora do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os resultados são melhores do que os dos anos anteriores, mas ainda há muita coisa pela frente. “A desigualdade ainda existe. Essa melhoria é atribuída a uma melhora macroeconômica. Os negros estão tendo mais acesso ao trabalho, mesmo que a discriminação ainda esteja muito presente”, afirma.
Dulce Helena concorda. “Ainda temos a questão da discriminação e também da qualificação profissional, já que muitos negros não têm acesso a ela. Muita coisa ainda precisa ser feita, mas ao menos a diferença que separa negros de não negros está diminuindo”, destaca a coordenadora da FEE.