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Ufrgs adquire máquina de códigos da Segunda Guerra
Patenteada em 1918 pelo alemão Arthur Scherbius, a máquina Enigma foi utilizada para criptografar e decodificar mensagens secretas na década de 1920 em toda a Europa. Contudo, sua vasta possibilidade de combinações fez com que as Forças Armadas da Alemanha adotassem a ferramenta durante a Segunda Guerra Mundial para decifrar as mensagens trocadas por nazistas, considerando seu sistema de cifras inquebrável. Os códigos, utilizados para proteger o conteúdo das orientações, foram desvendados graças aos esforços de matemáticos poloneses e do cientista de computação britânico Alan Turing. Acredita-se que a quebra do sigilo fez com que a guerra acabasse pelo menos dois anos antes do previsto.
A Universidade Federal do Rio Grande Sul (Ufrgs), a primeira instituição de ensino do mundo a adquirir uma Enigma, colocará amanhã, entre 10h e 12h, o equipamento em operação, demonstrando como era utilizado durante os combates. A apresentação faz parte da exposição Alan Turing: Legados para a Computação e para a Humanidade, que está no museu da universidade, localizado no Centro Histórico de Porto Alegre, até o dia 22 de março. A entrada é gratuita.
“Acreditamos que, através do trabalho de Turing, a Segunda Guerra tenha poupado dois milhões de vidas”, relata o professor do Instituto de Informática da universidade e curador da exposição, Dante Barone. De acordo com ele, as mensagens dos generais de Adolf Hitler eram sempre codificadas, não podendo ser pegas pelas forças inimigas, pois corriam o risco de perder seu poder estratégico e tático. Os dados escritos por uma dessas máquinas somente poderiam ser lidos por ela ou por outra semelhante.
“O equipamento é composto por três rotores, que são engrenagens mecânicas. A tecnologia é a mesma utilizada hoje em criptografia. A técnica da Enigma é precursora da criptoanálise dos códigos de informações digitais”, explica Barone.
O professor estima que existam, atualmente, apenas 1% das máquinas construídas na época, e muitas em péssimas condições de conservação. A adquirida pela Ufrgs foi comprada de um colecionador dos EUA, por R$ 300 mil, pagos com recursos do Ministério da Educação. O preço é justificado pela raridade da peça e pela capacidade operacional mantida.
“O próprio Winston Churchill, primeiro-ministro do Reino Unido no período, mandou no final da Segunda Guerra destruir todas as Enigmas, pois temia que fossem utilizadas novamente por inimigos. Poucas escaparam desta tentativa de aniquilação”, relata Barone.