Assembleia discute alternativas para reutilização da água da chuva

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A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul realizou ontem, por meio do Fórum Democrático de Desenvolvimento Regional, o Simpósio Gaúcho das Águas, no qual foi promovido um debate acerca da reutilização da água da chuva na construção civil e na agropecuária. O holandês Henricus Antonius Heijnen, consultor da Organização das Nações Unidas (ONU) e especialista em captação e manejo da água da chuva, relatou sua experiência mundial com o tema. “Trabalhando com isso há tantos anos, concluo que estamos, todos nós, matando a sabedoria. Recursos dos nossos antepassados estão sendo deixados de lado, quando são, atualmente, as ações que podem nos salvar. O risco existe: temos que fazer algo.”
Heijnen repetiu várias vezes que o Brasil já possui políticas hídricas, mas precisa incluir a água da chuva nas suas estratégias. Ele enfatizou que os gestores municipais, estaduais e federais necessitam unir forças e fazer com que a população participe desse processo que traz benefícios para todo o planeta. No momento, o holandês presta consultoria a agências de desenvolvimento da África e da Ásia nas áreas de saneamento, saúde e políticas de desenvolvimento.
Segundo suas pesquisas, com a captação da chuva é possível recarregar um aquífero, conservar o solo e a umidade ideal para o ecossistema, e alcançar resultados satisfatórios junto às bacias hidrográficas, restaurando e melhorando-as. Entre os exemplos de sucesso com o aproveitamento da água da chuva, o representante da ONU citou Senegal, Bangladesh, Nepal, Etiópia e Colômbia. Nesses locais, as comunidades aprenderam a coletar a água da chuva, a retê-la em equipamentos como cisternas, e reutilizá-la das mais variadas formas, inclusive para beber, seguindo as normas da Organização Mundial da Saúde para ser considerada potável.
“Na Europa, os sistemas de esgoto são antigos e antes não havia tanta pavimentação e chuvas como ultimamente. A solução encontrada é cidadã. As pessoas guardam a chuva em casa e entendem a importância disso para o futuro. Na Alemanha, há 15 anos as residências são construídas com controle de drenagem. Assim, tarefas como molhar o jardim, lavar roupas e dar descarga são feitas com a chuva”, explica.
Heijnen também é vice-presidente para Assuntos Externos da Associação Internacional de Sistemas de Captação de Água de Chuva em Taiwan e membro da diretoria da Aliança Internacional de Coleta de Água da Chuva em Genebra.
O Simpósio Gaúcho das Águas debateu ainda a presença de contaminantes na água potável e o planejamento e a gestão do recurso. Ao final do evento, o Fórum Democrático de Desenvolvimento Regional redigiu a Carta Gaúcha das Águas, que será encaminhada ao governo do Estado com sugestões de medidas para o setor.