Acordo prevê a redução do teor de sódio nos alimentos do País

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O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, juntamente com representantes da indústria alimentícia, assinou ontem, a nova fase do acordo que prevê a redução gradual de sódio em 16 categorias de alimentos. Nesta etapa, estão incluídos sete dos alimentos mais consumidos pelo público infanto-juvenil: batatas fritas e batata palha, pão francês, bolos prontos, misturas para bolos, salgadinhos de milho, maionese e biscoitos (doces ou salgados).
O documento define o teor máximo de sódio a cada 100 gramas em alimentos industrializados. As metas devem ser cumpridas pelo setor produtivo até 2014 e aprofundadas até 2016. As maiores reduções proporcionais serão feitas nos biscoitos doces recheados, em parte dos bolos prontos e nas misturas cremosas para bolo. O teor de sódio nesses produtos deverá cair para 44% do que é hoje. A menor redução será no pão francês (2,5% ao ano até 2014) e a maior será nos biscoitos (chegando a 19,5% ao ano).
A redução do consumo de sódio no Brasil é uma das estratégias do governo federal para o enfrentamento às doenças crônicas, como hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. "É uma ação de prevenção. O esforço para mudança de hábito alimentar e o fato de as pessoas terem acesso mais fácil a alimentos saudáveis, com menor quantidade de sódio, aliado à atividade física, pode ser fundamental para a prevenção de doenças cardiovasculares, hipertensão e até mesmo alguns tipos de câncer", afirmou Padilha. Segundo o ministro, a segunda etapa do acordo reforça o projeto conjunto entre governo e indústrias para respeitar a recomendação de consumo máximo da Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de menos de cinco gramas de sal diários por pessoa, até 2020.
A hipertensão arterial atinge 23,3% da população adulta brasileira (maiores de 18 anos), de acordo com o estudo Vigilância de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel/2010). Já as doenças cardiovasculares foram responsáveis por 319 mil óbitos em todo o País, em 2009.
De acordo com dados do IBGE, o consumo individual de sal, apenas nos domicílios brasileiros, foi de 9,6 gramas diários, enquanto o consumo total foi estimado em aproximadamente 12g diários, o que representa mais do que o dobro do recomendado pela OMS. A pesquisa revelou, ainda, que mais de 70% dos brasileiros consomem mais do que 5g de sal ao dia (o equivalente a quatro colheres rasas de café), chegando este percentual a mais de 90% no caso de adolescentes de 14 a 18 anos e adultos da zona urbana.
Os adolescentes brasileiros apresentaram consumo muito mais elevado de alimentos como salgadinhos (sete vezes maior), biscoitos recheados (perto de quatro vezes maior), biscoitos doces (mais de 2,5 vezes maior) e biscoitos salgados (50% maior) em relação aos adultos.