BEA encerra busca e deixa 74 corpos no fundo do mar

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As autoridades francesas informaram ontem que 74 corpos das vítimas do voo AF 447, da Air France, que caiu no Oceano Atlântico em 31 de maio de 2009, com 228 pessoas a bordo, ficarão definitivamente no fundo do mar. No total, foram retirados 154 corpos do oceano. A operação de resgate dos restos mortais, que começou no mês passado, foi encerrada na sexta-feira passada, dia 3.
No fundo do mar, foi colocada uma placa com a inscrição: "Em memória às vítimas do acidente com o voo AF 447", escrita em português, francês e inglês. A placa foi depositada pelo mesmo robô utilizado para recuperar os corpos, que estavam a 3,9 mil metros de profundidade. Em uma carta enviada aos parentes das vítimas, o governo da França informou que, no total, 104 corpos suscetíveis de serem identificados foram retirados do mar na quinta fase de buscas. Após o acidente, 50 corpos foram resgatados, 20 deles de brasileiros.
Os corpos serão transferidos para um instituto médico legal na França (o nome da cidade não foi informado) para o início da identificação das vítimas, que será feita pelos peritos da polícia militar francesa. O instituto, que atuou em 38 grandes catástrofes, dispõe, até o momento, do DNA dos parentes das vítimas europeias.
A decisão do governo francês de encerrar a busca por destroços e corpos do voo da Air France foi criticada pelo presidente da Associação dos Familiares de Vítimas do Voo 447, Nelson Faria Marinho. "O critério para suspender a operação foi econômico. No final, o que decide é o dinheiro", lamenta. Ele disse que a associação fez um apelo para que a decisão fosse revista.
No domingo passado, a entidade foi avisada pelo Escritório de Investigações e Análises da França (BEA) do encerramento das buscas e que o navio de resgate já deixou o local. Segundo Marinho, um diplomata francês encarregado do assunto explicou que a decisão foi tomada por causa da deterioração dos corpos. "São 74 famílias que ficarão mais transtornadas. O enterro é a forma de finalizar a vida", acrescenta.