Padaria Espiritual promove debate sobre contos na Feira

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Além dos descontos usuais e da interação entre os leitores, uma das grandes possibilidades que a Feira do Livro de Porto Alegre oferece aos adeptos da leitura é o encontro com os autores. Exemplo disso são os debates promovidos pelo projeto Padaria Espiritual, que acontecem, desde o dia 30, em todos os dias da Feira.
Inspirado no projeto homônimo criado em Fortaleza no final do século XIX, o Padaria Espiritual reúne leitores de todas as idades para discutir assuntos relacionados à Literatura. O encontro se parece mais com uma conversa informal entre amigos e o debate é aberto ao público. Ao ser idealizado por Antonio Salles, em 1892, o grupo de debates reunia literatos e fabricava um “pão” semanal, ou seja, um pequeno jornal que circulava em poucas edições. Na Feira do Livro o Padaria acontece desde o ano passado e é uma reunião de escritores e especialistas para discutir temas vinculados aos livros.
Nesta segunda-feira (8), os convidados foram jovens escritores gaúchos, a maioria deles contando com um ou dois livros publicados, que se reuniram para falar sobre o gênero conto. Paulo Tedesco, Rodrigo Rosp, Antônio Xerxenesky e Reginaldo Pujol Filho, além da mediadora Luciana Thomé, conversaram sobre a produção e a leitura dos contos. A partir daí o papo foi ao modo como se deve pensar um livro de contos e chegou às dificuldades de publicação do gênero no Brasil.
Para Xerxensky, muitos leitores encaram o conto como algo isolado e, consequentemente, um livro de contos como algo divisível. Ele acredita, e os colegas concordam, que um livro, seja ele de contos ou um romance, é sempre pensado pelo como algo unificado, que tem um contexto e aborda temas comuns.
A necessidade de ultrapassar os limites do leitor parece ser o mais válido para os autores, seja esse desafio proposto em prosa ou verso. Ainda assim eles ressaltam que, por proporcionar a releitura com mais frequência do que o romance, esse gênero pode levar o leitor a pensar e questionar tudo o que leu com mais perícia. Afinal, Paulo Tedesco destaca, “o conto desafia as possibilidades de leitura”. Para completar, Xerxenesky concluiu: “o conto tem o poder de enganar”.
O Padaria Espiritual acontece na Tenda da Pasárgada, entre o Memorial e o Santander Cultural, na Praça da Alfândega, todos os dias, às 18h. A entrada é franca.