Cerimônia no Cais do Porto marca a abertura da Feira do Livro

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Foi dada a largada para o maior evento cultural de Porto Alegre. A cerimônia de abertura da 56ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre foi realizada no início da noite desta sexta-feira (29) no Teatro Sancho Pança, no Cais do Porto. Estavam presentes na plateia vários nomes ilustres da política e cultura local, como o ex-governador Olívio Dutra, e o prefeito José Fortunati, além de Paixão Côrtes e Carlos Urbim, patronos deste ano e do ano passado, respectivamente. A governadora Yeda Crusius não pôde comparecer e foi representada pelo secretário da Cultura Cézar Prestes.

Após a execução do Hino Nacional pela Banda Municipal de Porto Alegre, o presidente da Câmara Riograndense do Livro João Carneiro foi o primeiro a discursar. Ele comentou o valor do evento como "bem imaterial de Porto Alegre", chamando-a de "feira da inclusão, com livros em braille e rampas que dão acessibilidade a todos". Destacou ainda o esforço feito na organização do evento. Em seguida, foi feita uma homenagem ao patrono de 2009, o autor de livros infantis Carlos Urbim: um de seus poemas foi musicado por duas artistas.

Em sua fala, Urbim chamou a Feira de "maior vitrine regional para o trabalho dos escritores locais". Ressaltou as origens em comum com Paixão Côrtes (ambos são de Santana do Livramento) e exaltou as qualidades de grande pesquisador da cultura gaúcha do atual patrono. Também fez um resumo da juventude de Côrtes, desde sua infância em Livramento, passando por Uruguaiana e chegando, enfim, à Capital.
Já Paixão Côrtes subiu ao palco demonstrando bom humor. Também não deixou passar batido o fato de ser um conterrâneo de Carlos Urbim: "Nós somos da mesma querência, bebemos leite da teta da mesma vaca, mateamos na mesma cuia e o sangue que corre nas nossas veias é o mesmo pulsado no nosso querido Cerro Chato". Falou também sobre o papel da cultura e da literatura nos dias de hoje: "A cultura torna-se mais importante quando o regional se projeta contra o universal. O folclore é formado pelas combinações regionais que a terra oferece ao homem, traduzindo heranças étnicas que se adaptam e chegam aos dias de hoje através do conhecimento e pela literatura. Não existe cultura inferior ou superior, rica ou pobre".
Após breves palavras do secretário da Cultura Cezar Prestes, o prefeito José Fortunati afirmou que a cidade conseguiu superar o obstáculo das obras na Praça da Alfândega para a organização da Feira. Ele comentou o caráter despojado e aberto do evento: "Duvido encontrar uma feira tão democrática quanto a de Porto Alegre na América inteira, talvez até na Europa."
Para encerrar a cerimônia, foi feita uma execução do Hino Riograndense e a caminhada do patrono pelos corredores da Feira, acompanhado do xerife Júlio La Porta e o seu tradicional sinete que marca a abertura do evento.
Em entrevista ao Jornal do Comércio, o patrono do ano passado Carlos Urbim disse estar com uma sensação de alívio e dever cumprido. Disse que a indicação foi um "divisor de águas". "É a maior honraria para um escritor no Rio Grande do Sul ser patrono e é uma honra para mim entregar essa função a Paixão Côrtes". Perguntado se não sentia uma ponta de nostalgia por ver o fim da sua "gestão", respondeu sorridente que "é tanta coisa que acontece a um patrono, que ser nomeado uma vez só já está bom demais".