Morre no Rio o produtor e jornalista Ezequiel Neves, ''descobridor'' de Cazuza

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Morreu no Rio, nesta quarta-feira (7), o produtor musical e jornalista Ezequiel Neves, aos 74 anos. Ele estava internado desde janeiro na Clínica São Vicente, na Gávea. Incansável festeiro, sempre a mil por hora, Zeca, como era chamado pelos mais próximos, conviveu nos últimos cinco anos com um tumor benigno no cérebro, enfisema e cirrose.
"Descobridor" de Cazuza e produtor do Barão Vermelho, Zeca morreu exatamente na data de aniversário de 20 anos da morte de seu pupilo, 7 de julho.
Com seu humor ferino, Ezequiel Neves fez "novo jornalismo" muito antes de o gênero ser reconhecido. E em quase duas décadas de atuação no setor, passando pela grande imprensa (revistas "Playboy" e "Pop" na Editora Abril, "Jornal da Tarde", de São Paulo) e pela alternativa (a edição pirata da "Rolling Stone", as revistas "Som Três" e "Música do Planeta Terra", o "Jornal da Música"), fez escola, inspirando dezenas de jovens a ingressarem no jornalismo cultural. Carreira que o próprio tratou de abandonar, trocando-a pela de produtor musical (e eventual letrista) a partir do início dos anos 1980, quando apostou no talento bruto do Barão Vermelho.
Foi devido à insistência de Ezequiel que João Araújo, então presidente da gravadora Som Livre, concordou em lançar o grupo que tinha como cantor e letrista seu filho, Cazuza, ao lado de Roberto Frejat (guitarra e composições), Guto Goffi (bateria), Dé Palmeira (baixo) e Maurício Barros (teclados).
Além de ter coproduzido os discos do Barão e os da carreira solo de Cazuza, foi o coautor de clássicos do rock brasileiro como "Por que a gente é assim?", "Codinome beija-flor" e "Exagerado". No período em que atuou como produtor da Som Livre, Ezequiel também trabalhou com ícones da MPB como Elizeth Cardoso e Cauby Peixoto. Ele ainda colaborou em programas musicais da Rede Globo e foi corroteirista do filme "Rio Babilônia", dirigido por Neville de Almeida, de quem era amigo desde a juventude, em Belo Horizonte.