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Receita Federal terá mais cachorros para repressão
A Receita Federal vai ampliar seu quadro de funcionários este ano. Os interessados precisam ter força física, energia, impulso de jogo e, acima de tudo, bom faro. Aos escolhidos serão garantidos moradia, alimentação, acompanhamento médico e cursos de treinamento. Orientação para acasalamentos e supervisão de partos também fazem parte do pacote. Potenciais candidatos precisam ser das raças Labrador, Belga Malinois ou Pastor Alemão.
A equipe de auditores caninos fará parte do recém criado Centro Nacional de Cães de Faro da Receita Federal do Brasil (CNCF K9), em Vitória. O trabalho do grupo será focado na repressão ao tráfico de drogas e movimentação ilegal de entrada e saída de dinheiro do País. Apesar do combate ao narcotráfico ser de competência da Polícia Federal, a Receita utilizará seus cães para monitorar as operações de comércio exterior, cuja fiscalização é de sua responsabilidade, e que muitas vezes acabam funcionando como caminho para o envio e recebimento de entorpecentes.
A utilização de cães no auxílio ao trabalho de auditores fiscais é comum em boa parte do mundo. Segundo Osmar Expedito Madeira, coordenador de Vigilância e Repressão do Fisco, das 20 maiores economias do mundo, apenas o Brasil ainda não contava com sua equipe canina. Os argentinos, por exemplo, iniciaram seu projeto K9 (abreviação da palavra "canino" em inglês) há 4 anos e contam, atualmente, com mais de 200 animais. "Estamos nos alinhando com o resto do mundo", disse Madeira.
A formação do novo grupo de colaboradores do Fisco já começou. Quatro animais trabalham no Rio de Janeiro e no Espírito Santo e outros três estão em fase de treinamento. A ideia é ter, até dezembro, uma equipe de 20 farejadores, que serão distribuídos em 10 unidades espalhadas no País. Engana-se quem espera que entrar no serviço público é para qualquer cachorro. Para conseguir um condutor específico, um box exclusivo com paredes de alvenaria, piso de cimento ou cerâmica antiderrapante, teto com forro para conforto térmico, área para banho de sol, além de atendimento veterinário, os potenciais candidatos terão de mostrar condições de fazer parte da elite. "Recusamos seis belgas porque eles precisam ter uma série de características para trabalhar e muitos não conseguem", disse Madeira.
O custo da equipe também pode ser alto. Um bom filhote custa, em média, R$ 3 mil. Animais que tenham recebido treinamento inicial podem chegar a custar até R$ 20 mil. Mas o retorno compensa o investimento, garante o coordenador do Fisco. Em 2009, os primeiros cães auditores conseguiram localizar mais de 100 quilos de cocaína diluídos em correspondências e outros 100 quilos de maconha.
Para garantir um programa de alto nível, a Receita tem discutido com outros países, com longa experiência no trabalho com cães, sobre a estrutura adotada. Conversas com representantes da embaixada da Itália foram realizadas e os alemães são os próximos. Além da busca de know-how, a Receita pode conseguir a doação de alguns animais destes países, o que diminuiria os custos de implantação do projeto K9 brasileiro.
Mas nem só de cachorros viverá o centro de farejadores do Fisco. A Receita fará treinamentos especiais para os servidores que irão trabalhar como condutores da equipe canina, além de formar futuros instrutores.